Moisés tem a força?

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Miriam Gimenes

 Os Dez Mandamentos é – com o perdão do trocadilho – divisor de águas na história da teledramaturgia brasileira. Não só pelo grande investimento da Record na produção, o que deixou a soberania da Globo abalada, mas também pela oportunidade de contar uma história tão rica em rede nacional. Porém, o filme, que estreou ontem em mais de 1.000 salas de cinema do País (28 só na região) e que teve 3,2 milhões de ingressos vendidos antes da estreia – em parte por causa de campanha forte de divulgação da emissora e da Igreja Universal – não surpreendeu.

O longa com a saga de Moisés em busca da Terra Prometida nada mais é do que a novela editada, inclusive com o mesmo elenco. Isso todo mundo já sabia. Mas os cortes rápidos, a narração forçada e o prometido “fim surpreendente” – não há nada demais nele – fazem do filme, que tem duas horas, um tanto maçante. Curiosamente – contrariando os milhares de ingressos já vendidos antecipadamente –, na sessão que o Diário assistiu, no início da tarde de ontem, apenas 15 pessoas haviam comprado entradas para uma sala com 221 lugares. Quadro bem diferente em outra sessão que o Diário presenciou, às 20h. A fila era grande e poucas cadeiras vazias restaram.

Uma das espectadoras da sessão da tarde foi a bancária aposentada Edilse Rodrigues, 59 anos, de São Caetano. Ela, que assistiu à novela do meio para o fim por estar descontente com a Globo, disse ter ficado decepcionada com o desfecho tanto do folhetim quanto do longa. “Gostei do filme, mas ele não foi além da novela. Quando a assisti achei uma sacanagem, porque eles disseram que seriam os últimos capítulos e, no fim, escreveram um ‘continua...’. Podiam ter avançado mais no cinema.” O ‘continua’ é porque a segunda parte da novela deve estrear em março.

Para a professora Maura Bastos Ferreira, 63, de Mauá, que frequenta a Assembleia de Deus, o que importa é a mensagem. “Há uma intenção: o evangelismo. Conta trechos importantes da Bíblia, principalmente o que diz que deve-se adorar a Deus sobre todas as coisas.” Maura tem razão. Além de difundir os ensinamentos pregados pela Igreja Universal, ligada à Record, eles ainda aproveitaram para fazer propaganda de uma das próximas produções da casa, A Terra Prometida. O marketing é a alma do negócio.




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