Arte para abrir caminhos

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Vinícius Castelli

Se há algo inegável na arte é a força de despertar interesse, de cutucar o desconhecido, fazer pensar e de resgatar. Como parte da programação de férias, a Fundação Casa de Diadema incluiu em suas oficinas uma de produção cinematográfica.

No total, 28 adolescentes que cumprem medida socioeducativa participaram das aulas ministradas pela voluntária e aluna de Jornalismo Luna Soares Marques e por seu pai, Paulo Sergio Marques. Os jovens puderam mergulhar em universos sem fronteiras. Bastou um incentivo para que as cabeças tivessem a chance de criar.

Os adolescentes foram divididos em duas turmas de 14 pessoas cada e puderam aprender, tanto na teoria quanto na prática, técnicas de enquadramento de câmera, fotografia, iluminação e, é claro, também puderam atuar e produzir curtas- metragens.

“Eles filmaram, fizeram roteiros, se organizaram. Uns optaram por filmar, outros por atuar, outros por cuidar da luz”, conta Luna. No total, foram três aulas teóricas e outras três práticas. Na tarde de ontem, o Diário foi conferir com os oficineiros e os adolescentes o resultado dos trabalhos. Entre os curtas produzidos estão as obras Fila de Supermercado e História de Pescador. Teve até previsão do tempo.

Um jovem de 16 anos que cumpre medida socioeducativa no local diz já ter tido contato com o cinema. Foi ver nas telonas Homem de Ferro e fez questão de atuar nas produções da unidade. “Valeu a pena. Aprendi a fazer plano médio (com a câmera)”, conta o jovem, que nas filmagens era só gargalhada com as novidades. “Deu vontade de trabalhar com cinema”, confessa entusiasmado. Seu parceiro nas filmagens, um interno de 17 anos, se lembrou de sua primeira ida ao cinema para ver O Rei Leão. Ele diz ter ficado encantado quando soube que na primeira exibição de cinema – A Saída da Fábrica Lumière em Lyon, de 1895 – “as pessoas que foram ver o filme pensaram que o trem ia sair pela tela.”

A coordenadora pedagógica da unidade, Andréia Aparecida, conta que é nítido ver a descoberta de alguns jovens pelo cinema. “Alguns deles nunca foram ver um filme”, diz. Aos 16 anos, outro adolescente que cumpre medida socioeducativa no local diz nunca ter ido ao cinema. Agora, fez questão de atuar. “Gostei da oficina e estou ansioso para ver como ficou o que fizemos. Queria poder mostrar para todo mundo nosso filme”, diz ele, que sonha em ser cabeleireiro e ter salão para atender crianças, homens e mulheres. Luna conta que notou talento em muitos alunos nas oficinas. “Eles precisam de gente que traga arte para eles. A arte é resgate. Fazer trabalho social é minha vida e me sinto bem por fazer algo bom.” Que sirva de exemplo.




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