Registro do passado e do presente

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Vanessa Ratti <br> Especial para o Diário

 Ao passar por algum lugar depois de muito tempo é comum perceber as mudanças e transformações que ocorreram. Isso acontece porque a população cresce desordenadamente no Brasil, fazendo com que as áreas naturais de algumas regiões comecem a desaparecer depois que o homem interfere. Mas a mudança também pode ser positiva. As intervenções tecnológicas trouxeram a algumas cidades melhor qualidade.

Esta é a realidade também de grande parte do litoral paulista. Conhecida pela beleza de suas praias, a região sofreu mudanças positivas e negativas com a ocupação do homem na região. O livro Litoral em Dois Tempos (editora Neotropica, 189 págs., R$ 80, em média) traz fotos e relatos feitos a partir do documento original da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, iniciado em 1915 entre as cidades de Santos a Ubatuba. O livro foi escrito por Alberto Martins e Glória Kok, e também contou com imagens de João Scarazzato e de João Luiz Musa. Eles refizeram o percurso da expedição entre 2013 e 2015.

O grupo começou com Santos e seguiu para o Guarujá, Bertioga, Alcatrazes, São Sebastião/Ilhabela, Caraguatatuba, Ubatuba, Ilha Anchieta e por fim Camburi, região chamada de território caiçara. Falar sobre e retratar o litoral eram desejos de criança do fotógrafo responsável pelo projeto, João Musa. “Nós e nossas famílias sempre sonhamos em ter um apartamento em Santos, por isso quisemos tornar essa expedição um livro. É uma realidade mais próxima da nossa”, comenta.

Ele destaca que as imagens do percurso têm o objetivo de mostrar o quanto as relações sociais e intervenções tecnológicas modificaram não só negativamente, como também a influenciaram na melhoria da estrutura de Santos, por exemplo. “Era conhecida como a cidade da morte. O sistema de Saúde era precário, a infraestrutura portuária era ruim, mas a partir de 1910 observamos que a reforma começou”, completa. Entre as curiosidades apontadas na obra, está a de que os morros de Santos começaram a ser ocupados no início do século 20, sobretudo por famílias portuguesas e espanholas. No morro de São Bento, por exemplo, os portugueses ergueram casas à semelhança das existentes na Ilha da Madeira. Hoje, os morros abrigam mais de 35 mil pessoas.

Litoral em Dois Tempos pode ser encontrado em qualquer Livraria Cultura de São Paulo. Mais informações no site www.editoraneotropica.com.br.




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados