Quanto vale o seu sorriso?

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Miriam Gimenes

Mahatma Gandhi era a sapiência personificada. Em uma de suas frases mais marcantes disse: “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” E foi para construir esse difícil, mas prazeroso trajeto, que o ex-executivo Mauricio Patrocinio, 38, deixou para trás a cadeira da presidência de uma multinacional e decidiu investir no propósito de escrever um livro e ajudar as pessoas. Focado, atingiu a primeira meta ­­­­– acaba de lançar Por que as Pessoas Não São Felizes (Scortecci Editora, R$ 34,90) – e desempenha a segunda, o projeto Discutindo a Felicidade com palestras que rodam o País, com primor. Confira, a seguir, sua história.

“Quando eu tinha 8 anos, andava com a minha mãe pelas ruas e ficava inconformado em ver as pessoas sem sorrir.  Perguntava para ela por que as pessoas não eram felizes. Sempre observei isso.  Com 16, quis ser administrador de empresas e coloquei como meta atingir o cargo mais alto, a presidência. Fui seguindo minha carreira, trabalhei durante 23 anos e fui presidente duas vezes, uma no Chile, outra no Brasil.  Comecei a observar toda a minha trajetória e pensei: ‘Cheguei na presidência, e aí? Será que é só isso?’ Como administrador, sempre segui a missão da empresa, seus valores e comecei a questionar por que não fazemos isso para gente. Tem de ter uma missão, independentemente da questão espiritual. Lembrei da pergunta que fazia para minha mãe e decidi que minha ‘tarefa’ seria ajudar as pessoas a serem mais felizes. Comecei a escrever o livro, há 12 anos, mas parei por diversas vezes. Na vida, colocamos metas e vamos nos traindo com a rotina. Quando chegou o fim de 2014, coloquei como foco lançar meu livro. Reuni todo o material, incluindo vídeos, e decidi colocar esse projeto no ar. Ao longo do ano consegui conso­lidar isso. A empresa em que eu trabalhava foi vendida, pedi demissão e coloquei foco no propósito de vida. Mas não fiz na loucura, vinha pensando nisso há 12 anos. Saí de um cargo de segurança para empreender. E não me arrependo. Costumo dizer que traba­lho com inspiração, procuro tocar na mente das pessoas. O conceito de felicidade não está em algo nem em ninguém, está dentro de nós mesmos. Se não estivermos bem com a gente não conseguimos ser felizes. Hoje em dia é tanta pressão: tenho de ser bem-sucedido, tenho de ter amigo. As mídias sociais contribuem para isso e são perigosas. As pessoas olham a vida dos outros, que parece ser perfeita, e começa a pensar o que falta na delas.  E não é assim. Tem de se contentar com sua vida, estar conectado com seu propósito. Pode parecer mórbido, mas você vai se perguntar lá na frente: ‘ Qual o legado que deixei? Qual a diferença que fiz na vida das pessoas?’ Cada vez que ouço um feedback positivo sobre meu traba­lho, principalmente depois das palestras, é o melhor ganho que posso ter além do ganho financeiro.  E o que vejo é que as pessoas estão sempre insatisfeitas com o que não têm ao invés de estarem conectadas com o que têm. Temos tendência em focar no que nos falta. Queremos provar para sociedade nosso valor quando deveríamos provar para nós mesmos. A vida passa. De repente você acorda e está com 40, 50, 70 anos e aí surge um desafio físico. Pode ser tarde para pensar na missão. Não sabemos quanto tempo a gente ainda tem. Hoje me sinto pleno, mas não quer dizer que não tenha desafios. Como estou conectado com meu propósito de vida os problemas são desafios para que eu seja me­lhor. Tive momentos em que vivia para o trabalho. Não fazia atividade física, não podia estar com meus filhos. Consegui ter o apartamento dos sonhos, mas só usava o sofá e a cama porque chegava cansado. Não é o tanto que a gente trabalha que faz a diferença, mas o que a gente faz.”

Quem tem uma trajetória interessante e deseja vê-la nas páginas da Dia-a-Dia é só mandar e-mail para minhahistoria@dgabc.com.br




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