Rocky em sua mais difícil batalha

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Marcela Munhoz

Muitos adoradores de Rocky Balboa devem estar se remoendo de ansiedade para ver o retorno de Sylvester Stallone no papel que o consagrou – o último Rocky é de 2006, o primeiro de 1976. Ao mesmo tempo, outros devem estar revirando a cara para a ideia do sétimo filme da saga com o discurso de que as continuações e derivações acabam com o mito. Essa verdade absoluta vai por água abaixo no spin-off Creed: Nascido para Lutar, com estreia programada nos cinemas brasileiros para o dia 14.

Com direção de Ryan Coogler (Fruitvale Station) e orçamento de US$ 35 milhões, o longa-metragem coloca o filho de Apollo Creed, o maior adversário de Rocky de todos os tempos, frente a frente com o ex-lutador. Michael B. Jordan (o Tocha Humana, do último Quarteto Fantástico) é Adonis. Ele passou a vida em reformatórios e lares adotivos até que a esposa de Creed – para quem não lembra, morto em Rocky 4> pelo russo Ivan Drago – adota o filho de sua amante. Ele cresce desejando ser lutador de boxe, então larga o emprego e a boa vida que conquistou para bater na porta de Rocky, que segue vidinha pacata tomando conta de seu restaurante. Adonis quer ser treinado por ele.

O atual Rocky, interpretado pelo quase setentão Sylvester Stallone (o ator apaga 70 velas em 6 de julho), passa os dias gerenciando o restaurante Adrians e lamentando as mortes da mulher e do amigo. Quando é convidado a ser treinador, vê uma esperança renascer. Adonis o conquista de tal forma que o convence a voltar ao boxe, a enfrentar algumas lembranças amargas, a velhice e ganha companheiro inseparável, em uma das fases mais difíceis da sua vida.

Claro, que alguns clichês em filmes deste tipo são inevitáveis – incluindo o romance de Adonis com Bianca (Tessa Thompson) e as cenas do treinamento do lutador, no estilo mais genuíno de Rocky Balboa com a bela Filadélfia como cenário e Gonna Fly Now de trilha sonora – mas, é de surpreender as sacadas e os recados nas entrelinhas que o diretor conseguiu incluir no roteiro. As cenas de luta também são muito bem produzidas e o resultado do desafio final, entre Adonis e ‘Pretty’ Ricky Conlan, é imprevisível.

Apesar de ser um longa-metragem de boxe, Creed: Nascido para Lutar fala sobre o respeito aos mais velhos, disciplina e o desejo de lutar pela vida. Destaque para a cena em que Adonis tenta ensinar o ‘idoso’ a usar a internet e todas as que o mesmo ‘idoso’ dá conselhos valiosos para o seu novo pupilo. Resumindo, o filme trata o grande mito Rocky Balboa com muita dignidade. Como deve ser. “Creed me fez encarar minha própria mortalidade”, disse o próprio Sylvester Stallone.  




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