Mensageiro da paz

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Rodrigo Mozelli

Toda vez que se pensa em guerra, as imagens do holocausto, na segunda grande guerra, voltam a aterrorizar. Foi neste clima de horror que Gaetano Brancati Luigi, 78, nasceu e cresceu na cidade de Orsomaso, província de Cosenza, Itália. “No lugar do brinquedo, tinha medo, inclusive, de crescer e ser obrigado a lutar na guerra”, lembra. Desde aquela época, florescia nele a vontade de semear e lutar pela paz. Anos depois, o criador do Marco da Paz foi indicado ao Prêmio Nobel neste ano.

 
Aos 8 anos, Luigi ouviu o sino tocar na Europa (desta vez, anunciando o término da luta armada) e, assim, começou a se preparar para sair da Itália. Em 1949, ele, o pai, que lutou na guerra, a mãe, que sustentou a família com quatro filhos, e irmãos partiram para nova vida na Argentina, mas seu destino estava traçado. “Quando o navio no qual estávamos margeou a costa brasileira, tive sentimento de que ali seria o meu lugar”, sorri.
 
Vivendo no país vizinho por mais de 20 anos, Luigi, enfim, veio para o Brasil montar sua vida em prol da paz. Enquanto isso, ele se ‘ajeitava’ como autônomo, enraizando-se como alfaiate no Brás, em São Paulo. “O bairro me acolheu”, alegra-se. Começou, então, a frequentar a Associação Comercial de São Paulo, na qual tem o cargo de assessor da presidência nos dias atuais. Na década de 1990, já totalmente estabelecido no Brás, Brancati, em mais um dia de trabalho na ACSP (localizada próximo ao Pateo do Collegio) notou que não havia sino na igreja do Pateo. “Achei absurdo”, comenta. Em 20 dias, o sino estava pronto. E, ao instalá-lo no local de nascimento da cidade de São Paulo, Luigi visualizou o monumento que simbolizaria sua luta pela paz, sonho de criança. “Quando estava montando o sino, olhei para uma janela e vi raio do sol que colocou em minha mente o que esperei 55 anos para criar”, se emociona.
 
O marco é estrutura em forma de arco com coluna que o divide na parte de cima e que sustenta um sino. Tal construção foi inaugurada tempos depois na frente do Pateo. Desde então, o Marco da Paz tem rodado o mundo e já está instalado em 25 países, tais como México, Argentina, Itália e até na China. Há ainda projetos para a região entre Palestina e Israel. “Realizar sonho é privilégio, mas esta é uma missão. Todos estão aceitando e acolhendo a proposta do Marco da Paz”, se orgulha.
 
Sr. Luigi, como é mais conhecido, compartilha o que acredita ser importante para alcançar a paz. “Estamos vivendo nosso pior momento. O mundo precisa entender que o ser humano nasce para construir, não para destruir.” Para fechar, ele deixa mensagem aos leitores da Dia-a-Dia: “Desejo que cada um encontre força para iluminar sua vida. Nesta época de reflexões, perdão e agradecimentos, que a força do amor supere os espinhos e faça realidade a presença da paz.”



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