Poder e talento da periferia

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Oscar Brandtneris

Muito se fala das periferias e dos jovens que vivem por lá. Seja no noticiário, nos programas sensacionalistas que divulgam tragédia de forma apelativa ou até mesmo na internet e redes sociais, em que grande parte das pessoas parece incapaz de reconhecer o brilho, talento e audácia dos que vivem em condições miseráveis, sem perspectivas, educação e estrutura.
 
 
Tudo Que Aprendemos Juntos, que estreia amanhã na região, é estrelado por Lázaro Ramos e dá lição de bom senso com base na história real do nascimento da Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Fórmula perfeita para emocionar os espectadores.
 
Lázaro interpreta o músico Laerte. Após tentativa frustada de fazer parte da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), recebe convite para dar aulas de música para adolescentes de uma escola no Heliópolis, periferia de São Paulo. Entre a falta de dinheiro, frustrações pessoais e situações difíceis naquela atmosfera ele, ao decorrer do filme, vai descobrindo o quão ricas são as experiências de cada um de seus alunos. Toda dificuldade enfrentada por eles revela seres humanos que são muito mais do que a inicial indisciplina e desinteresse. “A parte mais difícil foi a do instrumento. Assisti a alguns filmes para ver as cenas em que os atores acertavam e erravam.
Foi um resultado ótimo. Até mesmo os músicos da Osesp aprovaram”, disse Lázaro Ramos.
 
No enredo, dois personagens são os principais entre todos os alunos. Um deles é Samuel, interpretado pelo ator Kaique Jesus, menino talentoso e prodígio. Seu amigo VR (Elzio Vieira) é obrigado a frequentar a escola, caso contrário, retornará para a Fundação Casa por ser menor e já ter cometido delitos. Entretanto, surpreende no fim da história e prova que a arte, sobretudo a música, possui um poder de transformação incrível e que vai além da ficção.

A interpretação de Lázaro Ramos, como de costume, é impecável. Os coadjuvantes também dão lição de emoção pura perante as câmeras. Diversos momentos são fortes e emocionam muito, abrem as feridas sem nenhuma pena. Inclusive, a liberdade que o diretor Sérgio Machado deu aos atores da periferia fez com que “eles colocassem para fora suas histórias, dores e anseios nas cenas”. Bom filme para inspirar o fim de ano. 




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