Vale a pena ver de novo

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Marcela Munhoz

 Assim como arroz com feijão, futebol e Carnaval, as novelas fazem parte da ‘cesta básica’ do brasileiro. E o País é craque no assunto. Desde a primeira trama Sua Vida Me Pertence, exibida de 1951 a 1952 na extinta TV Tupi, até as que estão atualmente no ar como A Regra do Jogo, só para citar a Globo, foram centenas os sucessos. E não só no Brasil. Algumas novelas globais como Da Cor do Pecado (2004), Caminho das Índias (2009) e a campeã Avenida Brasil (2012) ultrapassaram as fronteiras territoriais. A vingança de Nina em Carminha, por exemplo, foi vendida para 130 países.

Tudo isso para dizer que alguns personagens são tão marcantes e tão bem interpretados pelos atores e atrizes que parecem fazer parte da família da gente. Eles inspiram cartunistas do Brasil todo a eternizá-los em caricaturas e cartuns. Como forma de homenagem também aos escritores, diretores e aos 50 anos da emissora, foi montada em São Paulo a exposição Novelas da Globo, em cartaz até dia 27 de dezembro no Memorial da América Latina.

Foram selecionados mais de 90 desenhos que ajudam o os visitantes a lembrar de figuras marcantes interpretadas por estrelas do gabarito de Fernanda Montenegro, Antônio Fagundes, Lima Duarte, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Laura Cardoso, Chico Anysio, Tony Ramos, Marco Nanini, entre outros. “Sempre acompanha o que os cartunistas brasileiros estão fazendo e novela é sempre um tema recorrente e muito bacana, por isso resolvi criar a mostra”, explica o curador do projeto José Alberto Lovetro, o Jal, que também é presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil.

Quem visitar o Memorial vai dar de cara com Odorico Paraguaçu (de O Bem Amado, 1973), Escrava Isaura (novela de 1976), Viúva Porcina e Sinhozinho Malta (de Roque Santeiro, 1985), Dorotéia (personagem de Laura Cardoso na nova versão de Gabriela (2012), Lineu da série A Grande Família, todos os personagens de Avenida Brasil e até com o Comendador, personagem do ator Alexandre Nero (de Império, 2014).

Fazem parte do time de cartunistas convidados nomes como Abel Costa, Alecrim, Baptistão, Bruno Comotti, Da Costa, Dino Alves, Elihu, Ferreth, Gustavo G, J Bosco, Kaltoé, Lézio Jr., Marcos Venceslau, Mônica Fucshuber, Osvaldo Pavanelli, Roberval Salles, Thyago, Ulisses, Verônica Saiki, Walter Toscano, Wilson Caldana e Wilson Iguti.

“Novela é tão importante no Brasil que até vira tema de charge política”, ressalta o curador Jal. Para João Batista de Andrade, presidente da Fundação Memorial da América Latina, a exposição é obrigatória para os noveleiros de plantão. “É muito interessante vê-las (as novelas), de certa forma, recriadas em outra arte, em caricaturas, que ressaltam características tão peculiares de atores, atrizes e personagens. Nos faz relembrar momentos emocionantes e tornam as novelas ainda mais inesquecíveis.”

Bozó de Chico Anysio nos traços de Fernandes
“Trabalho na Globo, tá legal?” É assim que Sérgio Dias Magalhães Marinho, supostamente o nome verdadeiro de Bozó, se apresentava. Os dentes proeminentes e a gagueira faziam parte do seu charme, que conquistou Maria Angélica e a todos que acompanharam as dezenas de personagens feitas pelo ator Chico Anysio (1931–2012).

Bozó está na mostra do Memorial da América Latina. Ele é inspiração de Fernandes, ilustrador do Diário, que também emprestou seus traços para o sorriso de Tarcísio Meira em outro trabalho da mostra. “Admirava Tarcísio em Irmãos Coragem (1970) e em Cavalo de Aço (1973). Fiquei feliz quando minha ilustração foi entregue a ele, quando a revista Dia-a-Dia o homenageou na capa em outubro”, diz. Fernandes, 56 anos, confessa ser fã de novelas desde sempre. “Quando não tinha televisão, assistia na casa dos meus avós, do meu tio. Lembro que os chamava de ‘televizinhos’”, diverte-se.

Para o artista, se tem uma coisa que o Brasil sabe fazer de verdade, essa coisa é novela. “É impressionante o sucesso que faz aqui e lá fora”, diz. Entre todas as tramas que já acompanhou, Fernandes destaca as de O Bem Amado, Gabriela, Roque Santeiro e, especialmente, a de Saramandaia, de Dias Gomes. A primeira versão foi ao ar em 1976 e a segunda em 2013. “Todos os personagens são fantásticos”, conclui.

Novelas da Globo – Homenagem dos Cartunistas Brasileiros – Exposição. Memorial da América Latina – Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664 (ao lado da Estação Barra Funda). São Paulo. De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; aos sábados e domingos, das 9h às 20h. Entrada gratuita.




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