Para quem pensa que o rap é linguagem utilizada por conta da falta de algum tipo de estética ou habilidade musical, se engana e feio. A mensagem direta e reta com os dois pés no peito das deficiências sociais pode ser apresentada com as mais diversas influências, desde o jazz até músicas africana e latina. E em busca desta musicalidade trabalhada, mas sem deixar de ser o que é, o rapper Rashid vai lançar o segundo single de seu primeiro álbum – que vai chegar em início de 2016, ainda sem nome – hoje, com show no Tupinikim, em Santo André.

O artista já produziu quatro mixtapes. Com diversos clipes e vídeos rodando na internet, o destaque fica para A Cena, primeiro som divulgado do novo trabalho de estúdio, em que é questionado o tema repressão policial nas periferias e, sobretudo, aos negros. “Tem gente que faz a ligação de que se fala mal de polícia, que é música de bandido, e assim o rap veio sendo marginalizado durante décadas”, diz Rashid, em entrevista ao Diário. Entretanto, “graças aos esforços de vários artistas, muita gente enxergou a riqueza do ritmo e abriu o coração e mente nos últimos anos”, completa.

Voltando ao lançamento do disco, o rapper carrega sentimento de recomeço. Todo o trabalho divulgado até então conseguiu fomentar a vontade do público de ser presenteado com novas composições. E a missão? Ser imprevisível. “O fato é que o trabalho foi duro para que o álbum possa surpreender, sem deixar de ser o Rashid, sem deixar de ser rap, mas também não sendo previsível. Parece contraditório e é por isso que o disco exigiu tanto de nós.”

E sobre as outras expressões artísticas? O funk, por exemplo, é uma das vertentes que muitos recriminam, criticam e excluem sua importância como arte. Entretanto, Rashid não concorda e pontua que a voz da periferia deve ser respeitada, independentemente da forma como é apresentada. “Toda forma de arte é forma válida e legítima de se expressar, e sempre vai ter quem ame e quem odeie. Aí entra o lado humano de saber respeitar mesmo que não compreenda”, comenta.

Rashid – Show. Hoje, às 22h, no Tupinikim Pizza Bar e Lounge – Rua das Monções, 585, Santo André. Ing.: R$ 15 na porta.