O nome dela é coragem

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Miriam Gimenes

Com o nome de uma guerreira seu destino não poderia ser outro. Malala Yousafzai, 18 anos, ainda criança, soltou o verbo contra as leis dos talibãs que, entre inúmeras atrocidades, proibiram as mulheres de frequentarem uma sala de aula. “Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo”, disse em um de seus discursos. O documentário que reconta sua trajetória singular, Malala, estreia hoje nos cinemas. A direção é de Philip Davis Guggenheim.


Malalai de Maiwand viu os ingleses invadirem o Paquistão em 1880 e seu pai e noivo se alistaram para o combate. Ela, que inicialmente ajudou cuidando dos feridos, tomou o lugar de um porta-bandeira morto, arrancou o véu da cabeça, dele fez uma bandeira e encorajou os homens a lutarem. Foi morta, mas seus compatriotas ganharam a batalha. Para homenagear a jovem, Ziauddin Yousafzai deu seu nome à filha. “Muitos criticaram meu pai porque este nome significava tristeza. Ele dizia que não. Na verdade quer dizer bravura”, diz no documentário.
Com um misto de animação e imagens, o filme, produzido durante 18 meses, mostra que a história desta garota, que viveu no vale do Swat, poderia ser outra se ela tivesse crescido em uma família conservadora, o que, para sua sorte, não aconteceu. Em dado momento, é questionada por uma jornalista como estaria hoje se não tivesse se rebelado contra as regras de sua cultura e ela responde: “Eu estaria casada e com dois bebês.”
Malala, definitivamente, não nasceu para viver isso. Mostra intimidade com os livros – e vira alvo de brincadeiras dos irmãos – que delatam sua personalidade travessa –, discurso apurado e uma grande influência e cumplicidade com o pai, que era professor da escola em que estudava.
Apesar de toda notoriedade que ganhou mundialmente, tanto que já se encontrou com a rainha da Inglaterra, Barack Obama e Bono Vox, continua sendo uma menina como qualquer outra de sua idade, que tem sonhos, medos, ‘ídolos’ (revela-se fã da beleza do tenista Roger Federer) e um pouco de receio de namorar.
O único momento em que ela mostra-se insegura é quando é lembrada sobre o atentado que sofreu e quase tirou a sua vida, em 2012, após sair do colégio. Foi atingida por um tiro na testa pelos talibãs e perdeu os movimentos e audição do lado esquerdo do rosto. Com o tempo e a sua maturidade sobrenatural, ela tirou de letra o incidente, disse que os perdoou e segue na luta pelos seus ideiais.
Em entrevista à revista Glamour norte-americana, revelou: “Eu disse para mim mesma: ‘Malala, você deve ser corajosa. Você não deve ter medo de ninguém. Você só está tentando se educar. Não está cometendo nenhum crime.’” Não é de causar estranhamento, portanto, que ela foi a garota mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, no ano passado. Filme obrigatório.




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