Delicadeza que dá o tom

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Oscar Brandtneris

 Quando se respira e faz música todos os dias, fica difícil sair dos trilhos sonoros. Resta a vontade de dividir com cada vez mais pessoas o que se escreve, se cria. E quando existe energia de sinceridade e verdade no entorno das notas e melodias, algo é certo: vale viver pela troca entre artista e ouvidos caridosos que se dispõem à apreciar anseios e pensamentos.

Roberta Campos chega com novo trabalho de estúdio, o disco Todo Caminho é Sorte (Deck, 12 faixas, R$ 29,90, em média), que funcionou de forma diferente de seus discos anteriores: as músicas foram escolhendo os músicos, em sua grande maioria, amigos e pessoas que Roberta admira. A cantora imaginava onde cada um iria entrar na história.

“Depois de dois anos sem gravar um disco novo, fiquei inquieta e passei por espécie de crise existencial, em que me perguntava: o que devo fazer agora? Adoro entrar no estúdio e ter os músicos lá dispostos para realizarem o trabalho, mas desta vez quis fazer algo diferente, mais pessoal, então fui chamando os artistas conforme ía fazendo as músicas, já imaginando onde cada um poderia entrar”, conta Roberta em entrevista ao Diário.

Todo o disco carrega a calmaria e a doçura da voz de Roberta. Seu trabalho prossegue caminhando pelas linhas que a trouxeram até aqui: canções com violão, teclas, batidas leves e letras bem pessoais, mas que não se aproximam tanto de expressões ou rimas clichês. Simples é uma palavra melhor para usar neste caso.

Uma faixa especial é Amiúde, em que tal crise existencial revelada pela cantora foi resolvida. “É uma conversa, um diálogo com meu outro eu. Por isso, pensava desde o começo na voz do Marcelo Camelo sendo esta tal segunda parte de mim”, conta. Camelo (ex-Los Hermanos) fez questão de participar assim que escutou a música pela primeira vez. E olha que o disco ainda era apenas um projeto e nada havia sido definido ainda. E outro nome importante é o de outro Marcelo: o Jeneci. Ele também participou de Amiúde e, tocando pianos, cravo e sintetizador “deu uma cara ainda mais especial para a música”, como a própria cantora define.

Roberta Campos começou sua carreira em 1999, no Rio de Janeiro, tocando em bares da Cidade Maravilhosa. Em 2004, se casou e fez as malas para viver em São Paulo. Entretanto, só em 2008 conseguiu gravar seu primeiro disco autoral, o Para Aquelas Perguntas Tortas, lançado de maneira independente.




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados