Cachoeiras, pássaros e o vento fazem com que o silêncio carregado de paz da natureza seja acompanhado sempre por alguns leves sons. Silêncio de verdade existe apenas quando colocamos um tampão no ouvido. E, convenhamos, que um ambiente completamente mudo não colabora para a criação de obra musical.

A banda da região Marco Nalesso e a Fundação teve a ideia de contar uma história baseada em diferentes ambientes. E com o novo trabalho de estúdio, Seuva, deu-se o primeiro passo de trilogia que pretende levar os corpos, por meio dos ouvidos, por sensações e histórias cronológicas. Verdadeira viagem sonora com mantras que passam por jazz, samba e música africana e alto-astral.

A banda é crítica, busca o improvável com experimentações de timbres e sonoridades diferenciadas. Tal missão os fez perceber que seria interessante os integrantes partirem para viagem no mato, isolados da cidade grande, para construir a ideia do disco. Lá, com microfones e equipamento enxuto, captaram sons que acabaram entrando nas músicas, valorizando ainda mais o clima proposto pelo grupo.

Quando paramos para ouvir o que tínhamos feito, havia três histórias que mereciam trilogia e não caberiam dentro de apenas um disco. Mesmo sendo instrumental, as histórias estão escritas e surgiu essa ideia”, comenta Rafael Cab, baterista da banda. Tudo foi gravado em um estúdio que usa apenas equipamentos dos anos 1950 e 1970 para reforçar a ideia de sonoridades arriscadas e diferentes do comum.

Outro detalhe interessante do disco é a capa, que carrega um trabalho do fotógrafo andreense Paulo Marinuzzi. Após ganhar vinho de um poeta que conheceu em um ateliê, decidiu realizar interferência química deixando o filme da câmera imerso no líquido por alguns dias. O resultado foi, além da capa, ensaio de 29 fotos psicodélicas que foram tiradas enquanto a câmera boiava em cima de espécie de barquinho manuseado por um controle remeto.