Museu faz 110 anos

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Miriam Gimenes

Na década de 1970, um jovem estudante de Artes vai à Pinacoteca do Estado para participar de um curso. Durante o intervalo da aula, fica na entrada do prédio, à época na Avenida Tiradentes, para fumar. Em pouco mais de dez minutos, presencia pelo menos três pessoas se benzerem. Ficou em choque. É que elas, por falta de informação e excesso de simplicidade, achavam que o prédio histórico, projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi, tratava-se de um templo religioso.

O rapaz em questão é Tadeu Chiarelli – que já foi curador-chefe do Museu de Arte Moderna de São Paulo e diretor do Museu de Arte Contemporânea da USP –, diretor superintendente da Pinacoteca, que no dia 25 de dezembro completa 110 anos. Trata-se do museu de arte mais antigo de São Paulo. Diz, com entusiasmo, que felizmente nas últimas décadas, por conta do trabalho de seus antecessores, o perfil da instituição, antes mais elitista, é outro. “Essa situação começa a mudar com Aracy Amaral, uma figura fundamental porque foi a diretora que mais intensamente buscou uma política de aproximação com o público mais amplo.”

E é isso que ele quer, ser mais um nessa corrente de sedução da comunidade. “É uma grande responsabilidade (estar à frente da instituição desde abril), sobretudo por ter intuído, há 40 anos, que alguma coisa precisava ser feita.” Para tanto, ele destaca ações educativas e exposições que conversem com todos os perfis de público. Só no ano passado, a Pinacoteca recebeu quase 500 mil pessoas, com pico de público na mostra hiper-realista de Ron Mueck (402 mil).

COMEMORAÇÕES
Uma festa no próximo dia 29, cujos ingressos custam R$ 800, terá parte de sua rende revertida para a compra de obras de arte – Cícero Dias, Alfredo Volpi ou Ernesto De Fiori, a definir – e inaugura o ano comemorativo, que se segue até o fim de 2016. Também haverá a reedição do livro Projeto Construtivo Brasileiro na Arte e a abertura da exposição Territórios, em novembro, em homenagem a Emanoel Araújo, primeiro diretor negro da instituição, que contará com obras de artistas afro-descendentes.

Em 25 de janeiro, o diretor promete uma festa para a comunidade, sem nenhum fim lucrativo, que envolverá arte, brincadeiras e música, além de outras exposições ao longo do ano. E, a partir de janeiro, ao contrário dos demais museus, que fecham para manutenção de segunda-feira, a Pinacoteca fechará às terças. “Assim os visitantes terão opção no início da semana”, finaliza Tadeu. 




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