Colaborar como forma de retribuir amor

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Oscar Brandtneris

 Alguns, ainda crianças, descobrem cedo seus dons. Entre as pessoas que vivem em uma pequena comunidade chamada Mukuru em Nairóbi, capital do Quênia, há 300 crianças que estudam na escola Gatoto. Uma delas produz quadros incríveis com restos de tinta e, recentemente, pegou, pela primeira vez, uma câmera de vídeo nas mãos. “Encontrei um novo talento, a pintura”, disse, encantada. Agora, imaginem estas vidas não tendo mais um lugar para estudar. Pois é. O risco é real. A instituição, que sobrevive financeiramente apenas por meio de ações internacionais, com o impacto da crise está recebendo menos dinheiro e pode fechar as portas. Sorte que existem corações pulsando forte por solidariedade.

O ator Caco Ciocler, que já participou de inúmeras novelas na Globo – a última foi Boogie Oogie, em 2014 –, filmes e atua também como diretor, recebeu uma sugestão de Ivan Drukier, educador e melhor amigo, para visitar a região de Mukuru. Esperando encontrar pobreza, acabou vivendo um caso de amor com as crianças de lá e descobriu alegria e humanidade. “Ivan e a mulher fizeram um trabalho na Gatoto e me chamaram para conhecer. Viajei com eles e, no fim, quem recebeu ‘ajuda’ fui eu. Achei que veria pobreza e vi amor. Tive uma experiência afetiva com essas pessoas desprovidas de interesse e repletas de generosidade”, conta o ator.

Depois de entender toda a situação, os dois parceiros decidiram agir criando um financiamento coletivo (crowdfunding) na internet para arrecadar R$ 100,8 mil, valor necessário para sustentar a entidade por um ano todo. “Manter cada uma das crianças estudando e se alimentando por um mês custa R$ 28. Garantir o bem-estar e crescimento delas é totalmente possível se, por um instante, deixarmos de olhar nosso umbigo e tratarmos o problema do outro como o nosso”, conclui Ciocler. A campanha, chamada Adote Um Aluno do Quênia, acontece até 4 de novembro. Até agora, mais de 70% do valor total já foi arrecadado. Quem quer ajudar pode acessar o site www.juntos.com.vc/pt/adoteumaluno.

“No caso da nossa campanha é preciso que se entenda que não estava em casa, pensando em quem ajudar e decidi ajudar uma escola lá no Quênia. Não foi uma escolha racional. Voltei para casa e simplesmente não consegui ficar tranquilo ao saber que as crianças correm o risco de voltar às ruas. É simples assim”. A Gatoto, em 1994, era a última no ranking que qualifica o desempenho das escolas da região. Após a guerreira Betty Nyagoha tomar a frente da entidade, com muita luta, conseguiu fazer com que ela esteja, hoje, entre as dez melhores da cidade.




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