Geraldo Lopes, o Seu Gê, nem sequer imaginava o universo que estava preparando para o filho, Valter Luis, quando era dono de uma banca de jornais (trabalho que levou com afinco por quase duas décadas). A vida do filho, carinhosamente conhecido como Limonada, era ler quadrinhos da Disney, Turma da Mônica e de super-heróis. Mas o que expandiu sua mente foram revistas como Chiclete com Banana, famosa principalmente nos anos 1980.

Hoje, aos 42 anos, o artista de São Bernardo colhe os frutos das leituras de infância e da adolescência, e agradece ao pai por abrir as portas da arte para ele. Imerso no mundo dos quadrinhos, Limonada lança seu segundo livro, Todo Mundo Quer Ir Pro Cel. (Edicon e Limonada Imprensa Alternativa, 40 págs., R$ 10, em média). O primeiro título, Trokando Umas Ideias e Rimando Outras, de poesias e crônicas, saiu em 2008. A nova obra tem tiragem inicial de 300 cópias e o autor já vendeu mais da metade. “Vendo pessoalmente, no boca a boca”, conta o artista, que carrega a bandeira da cultura independente nas costas e com garra.

Sua inspiração para criar está na rua, na vida. E quando o faz, gosta de ouvir música. “Escuto de tudo”, diz. Comportamento humano, movimento hip hop, transporte público, literatura e, sim, críticas estão presentes nas tirinhas que ilustram as páginas. Uma delas é o uso abusivo do telefone celular. “O celular tem sua importância, diminuiu a distância, mas tudo está mais descartável. Onde moro, a gente jogava bola, brincava de fubeca, tinha contato físico. Hoje as crianças não se sujam mais de terra”, reflete ele. Outro tema abordado em suas tiras, logo na página oito, é o preconceito racial, algo pelo qual o próprio artista já passou. “O quadrinho também é para refletir, olhar além do muro”, diz. Tudo no livro é abordado com muito bom-humor. E nem só de críticas é feita sua obra. Há mais para rir no livro de Limonada, que também é rapper e educador social.

“Muitos dos meus amigos estão no livro”, revela o artista. Além de figurarem como personagens, Limonada deu espaço para um parceiro, o andreense Marcelo Dopi, rapper e cartunista, que tem três obras suas no livro. Para saber mais informações do artista, visite seu Facebook (valterlimonada).

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