45 anos sem Hendrix

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Vinícius Castelli e Oscar Brandtneris

Após mais de quatro décadas de morte, guitarrista ainda é referência das novas gerações 

Guitarra como primeiro plano dentro de uma música: invenção que nasceu nos anos 1960 e foi contra tudo o que acontecia na época. Junto à genialidade daquele que se tornaria referência em seu ofício, estavam também performances ousadas, visual psicodélico e uma mente brilhante, muito à frente de seu tempo. Bem-vindos ao mundo de Jimi Hendrix, compositor norte-americano de Seattle, Estados Unidos, cuja data da morte completa 45 anos amanhã.

Em 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, Hendrix foi encontrado morto em Londres, Inglaterra, sufocado pelo próprio vômito após ingerir nove comprimidos para dormir. Documentos afirmam que ele tinha o costume de misturar grandes doses de álcool e drogas. Mas hoje, isso é detalhe diante do legado que deixou.

Mesmo com passagem prematura por este planeta, sua obra é rica, precursora e digna de ser trilha sonora roqueira das gerações seguintes, que podem conferir suas performances históricas em apenas dois cliques. Vale a pena buscar na internet, por exemplo, pelo episódio em que teve a audácia de incendiar a guitarra modelo Stratocaster, ainda ligada, em apresentação no Festival de Monterey (1967).

Fã de Bob Dylan, James Marshall Hendrix, nascido em 27 de novembro de 1942, ganhou sua primeira guitarra aos 12, de seu pai, que nem imaginava o que o filho seria capaz de fazer com ela. Se no palco artista e guitarra eram uma coisa só, no estúdio não era diferente. Hendrix chocava, querendo ou não. Negro em país que lutava contra a discriminação, fez música para quem quer que fosse ouvir e se emocionar com a fúria e delicadeza de suas notas. Fazia questão de dizer: “Não acredito em negros, brancos e pardos, acredito em gente que presta”. Em Woodstock, lendário festival de artes que tomou conta de fazenda em Nova York, em 1969, Hendrix protestou contra a guerra do Vietnã (episódio que também merece ser visto no YouTube).

Edi Roque, produtor musical e guitarrista de Santo André – atualmente trabalhando em disco em Hollywood, nos Estados Unidos – foi direto ao falar do músico para o Diário. “Se compararmos com outros guitarristas, Hendrix não era tão virtuoso no quesito técnico. Mas se perceber o som que ele tira da guitarra, de como trabalha delay, o estéreo das mixagens, dobras de guitarra, vai notar que foi ele quem inventou tudo isso. Hendrix colocou a guitarra em patamar de importância que até então, na época, era ocupado pela voz dos cantores e pelas mensagens das letras.”

São vários os álbuns de Jimi Hendrix que ficaram para a história. O primeiro, de 1967, é o Are You Experienced, gravado pelo guitarrista ao lado do baterista Mitch Mitchell (1947-2008) e do contrabaixista Noel Redding (1945-2003), ambos britânicos. No mesmo ano veio Axis: Bold as Love. Revolucionário, nele Hendrix e suas experimentações no estúdio fizeram nascer sonoridades até então desconhecidas. Ruídos, psicodelias e solos incendiários tomam conta de Electric Ladyland, terceiro álbum do artista, lançado em 1968. A capa original do álbum tinha 19 mulheres nuas, mas foi modificada e ganhou no lugar foto do rosto de Hendrix. Nesse trabalho, o músico levou para o estúdio, além de sua bandas, artistas como Jack Cassady, do Jefferson Airplane e até o baterista Buddy Miles, que viria a tocar com ele tempos depois.

O músico morreu enquanto fazia turnê e também trabalhava em seu quarto disco de estúdio, First Rays of the New Rising Sun, lançado 27 anos após sua morte. Hendrix ainda deixou o disco ao vivo Band of Gypsys, além de gravações que se tornaram álbuns póstumos. Todos brilhantes, assim como ele. Hoje, quem cuida da obra do artista é sua família que, por ocasião dos 45 anos de sua morte, lançou o documentário The Electric Church (deve chegar em DVD em outubro), cuja gravação rendeu CD de 16 músicas. A trilha é resultado da performance de Hendrix no Atlanta Pop Festival em julho de 1970. A música inédita Station Break também anda fazendo muito músico feliz na internet.

TEM MAIS

O disco de estreia de Hendrix, lançado em 1967, é o Are You Experienced. Neste trabalho já foi possível perceber toda a psicodelia e agressividade das guitarras em clássicos como Foxy Lady e Purple Haze. A projeção da obra foi quase que imediata.

A autora Sharon Lawrence retrata de maneira bastante sútil os conflitos da carreira meteórica de Hendrix. A jornalista traz visão, até então desconhecida, do artista com bastidores de sua história.

West Coast Seattle Boy traz um DVD com material sobre o panorama da carreira do guitarrista e um disco com faixas inéditas da época em que ele era apenas músico de apoio. Sim, há quem já teve o privilégio de tê-lo como base da banda. 




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados