Geek Bussiness

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Rodrigo Mozelli

Colecionáveis. HQs, livros, boxes e mais boxes de filmes e outras produções. Tais coisas poderiam estar associadas apenas aos universos infantil e adolescente se não fossem tão populares, especialmente entre ‘gente grande’. Gente tão grande, aliás, que está engordando os cofrinhos (provavelmente em formato de Darth Vader) por aí. Não é de hoje que os nerds e geeks movimentam mercado milionário no mundo todo. Pesquisa realizada em 2014 pelo Omelete, o portal mais importante desta indústria, revelou que os youtubers – aqueles que vivem de publicações de vídeos no YouTube – geeks/nerds ganham de R$ 10 mil a R$ 40 mil em patrocínios, sendo que algumas agências produtoras deste tipo de conteúdo chegaram a faturar R$ 1,5 milhão. O próprio Omelete calcula fa­turamento de até R$ 7 milhões neste ano. Já outro segmento nerd, o mercado de games brasileiro, está na 11ª colocação mundial, segundo pesquisa do instituto NewZoo. O País teria faturado cerca de US$ 1,28 bilhões no ano passado, suficiente para colocá-lo em primeiro na América Latina, seguido por México (US$ 997,1 milhões) e Argentina (US$ 275,9 milhões).

 
 
Uma das mais famosas – e mais consolidadas – lojas geek do Brasil atualmente é a Geek.Etc.Br (Alameda Santos, 2.152), em São Paulo, pertencente à Livraria Cultura. Esta ideia foi pensada em 2011, na qual foi investido cerca de R$ 1 milhão. “Nosso então diretor comercial achava uma boa ter linha de games, pois o mercado estava indo bem e pensou que teria potencial maior se tivesse também quadrinhos, filmes e séries”, conta Igor de Paula Oliveira, coordenador do projeto da Geek.Etc.Br, inaugurada em 25 de abril de 2012. De lá para cá, a clientela só aumentou. Para Igor, a receita básica do sucesso é entender sobre o que está vendendo. “É necessário para poder interagir com qualidade. Temos um grupo que sabe do que fala por conviver neste universo e por experiência de vida. Não dá para fazer algo fake.” De fato, a Geek.Etc.Br tem bastante coisa. Dá para encontrar camisetas de diversos estilos e referências, HQs, livros, games, revistas e, claro, miniaturas e bonecos, desde perso­nagens de Os Simpsons e Sonic até Star Wars e personagens tradicionais, como Batman e Super-Homem. Também tem alguma referência de coisas ainda mais antigas, como o carro da família Monstro, de Os Monstros. “Recebemos todo tipo de público, vendemos muitos quadrinhos e games. Até almofadas. Há procura, sobretudo de casais jovens”, expõe o coordenador.
 
E por falar em série, existe uma que aborda o assunto do mercado nerd nas telinhas. Talvez não seja exatamente assim que seus criadores a definiriam, mas é nesta tônica que Silicon Valley, da HBO, segue. O estilo é parecido com a The Big Bang Theory: seis amigos que tentam a sorte no Vale do Silício (Estados Unidos). A diferença é que a trupe é formada por programadores. Para quem não sabe, o Vale do Silício é berço da tecnologia naquele país e é sede de grandes corporações, como Google e Facebook. Durante os episódios, os que querem se aventurar neste mercado acompa­nham as desventuras do protagonista, Richard (Thomas Middletich) em tentar angariar dinheiro para criar sua própria start-up (empresas recém-criadas e em fase de desenvolvimento).
 
Da mesma forma que Richard, o empresário Victor Jacques também ‘brigou’ pelo seu ganha-pão e fundou a Toy Show (R. Pamplona, 1.135), em São Paulo, que trabalha na mesma linha da Geek.Etc.Br, mas fornecendo, sobretudo, objetos colecionáveis. “(A ideia de criar a loja) Surgiu da dificuldade que tinha como colecionador em adquirir produtos. Havia também a vontade de trazer objetos difíceis de se achar por aqui”, detalha o empresário. Victor ainda indica o que um nerd/geek busca neste tipo de espaço. “(Os clientes) Procuram junção de tudo. Querem bom atendimento, vendedor com profundo conhecimento e produtos originais.” Jacques também opina sobre o mercado. “Não só as lojas geek têm aderido a este mercado, mas as lojas de varejo também estão correndo atrás para oferecer produtos relacionados aos super-heróis, por exemplo.” A Toy Show ainda oferece outro serviço: lá é produzido o webprograma Geek Show, comandado pelo comediante e ex-CQC Oscar Filho e pelo crítico de cinema Roberto Sadovski. “(O programa) É voltado para todos os públicos e traz novidades sobre quadrinhos e sobre o universo geek”, afirma Jacques, que possui clientes famosos, como o apresentador Marcos Mion e o ator Caio Castro.
 
 
SITES
O planeta geek, obviamente, reina na internet. Sites como Omelete e Mundo Nerd se destacam com suas promoções e novidades sobre longas, seriados. Outro exemplo de sucesso geek empresarial na web é o Jovem Nerd, que soma 10 milhões de pageviews, com média de 2,8 milhões de visitantes por mês. Entre suas estratégias para atingir o público-alvo, o Jovem Nerd conta com a NerdStore, loja on-line própria, e produz programas, como o NerdCast, Nerd Player e o NerdOffice. “O Jovem Nerd surgiu em 2002 como brincadeira, hobby. Era o início da era dos blogs”, conta Deive Pazos, um dos criadores do portal. Ele também expõe como estão, hoje em dia e financeiramente falando, seus produtos. “Por anos, o Jovem Nerd não nos deu nenhum retorno financeiro. Hoje, é claro, tanto o portal quanto a Nerdstore são consolidados. O site é conhecido do público e do mercado de anunciantes e a loja é referência no Brasil. Isso graças ao grande esforço de nossas equipes. Temos tido retorno muito satisfatório”, comemora.
 
VIDA NOTURNA
E quem disse que os nerds também não gostam de beber uma? Alguns bares, baladas, lanchonetes e restaurantes adotaram o tema como filão e estão rindo à toa. A Gibi Cultura Geek, localizado em São Paulo (R. Maj. Maragliano, 364), na Vila Mariana, é exemplo. O espaço, no qual foram investidos R$ 700 mil e que foi inaugurado em 2012, possui pratos e drinques temáticos (Gibi Cascudo, Pizza McFly, Rebel Alliance e Drunk Birds), exposições (como a de 2014, em parceria com o canal pago Cartoon Network), biblioteca de quadrinhos (com acervo especial para leitura), museu do videogame (exposição de consoles, games portáteis e jogos), agregando tudo isso à comercialização de HQs independentes, action figures, estátuas e colecionáveis. “Um amigo chef me deu a sugestão de criar hamburgueria nerd. Da ideia até a realização demorou cerca de um ano. Quando alguns de meus sócios sa&iacut


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