Software de cantora vira febre na internet

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Gabriel Nishikata <br> Especial para o Diário

Ela canta, dança, tem show e faz o maior sucesso na internet, principalmente entre os otakus (fãs de animes e mangás). Isso seria normal para uma artista famosa, se ela fosse real. Desde 2007, inicialmente criada como software sintetizador de voz, o Vocaloid Hatsune Miku pode ser considerada uma diva que ''não envelhece'' e está cada vez mais presente no cotidiano.

O  Vocaloid é um projeto antigo que começou em 2000, na Universidade espanhola Pompeu Fabra, onde um grupo de universitários queria emular o canto humano por meio da tecnologia, a iniciativa teve parceria com a Yamaha, que mais tarde comprou os direitos do programa, e junto com outras empresas, criaram os softwares ''Leon'' e ''Lola'' em 2004, os dois primeiros vocaloids, um simulando voz masculina, e o outro, a feminina.

O programa foi bem recebido porém, só obteve destaque no mercado de produção musical, não conquistando o público em geral.

Mais para frente, de 2005 a 2006, a empresa japonesa Crypton Future Media, lançou os Vocaloids ''Meiko'' e ''Kaito'' , a única diferença com os softwares anteriores era que os dois vinham enfeitados com a figura de um personagem de anime ou desenho japonês em suas embalagens. A ideia teve um bom retorno, mas só chegaria a bombar no ano seguinte.

Em agosto de 2007, novamente a Crypton, no conceito de criar uma cantora virtual futurista, inventa ''Hatsune Miku'' , na voz da dubladora japonesa Sakiko Fujita. Praticamente igual aos softwares anteriores, tirando as melhorias do VOCALOID2 (upgrade que deixou as vozes menos robóticas) e o design do produto: uma garota colegial com longos cabelos azuis ilustrada na embalagem, mas dessa vez, com traços mais bem desenhados. O sucesso foi tão grande, que as pre-orders do produto foram muito acima do esperado, em apenas um mês, virou top sales no site de vendas Amazon.

Com isso, Hatsune migrou para internet, primeiramente no NicoNico, um tipo de YouTube japônes, foram milhares de vídeos upados em sequência, a viralização foi muito rápida, principalmente com ''Ievan Polkka'', paródia de uma música finlandesa na voz robótica de Miku acompanhada de uma animação engraçadinha da personagem. Os videos mais acessados da cantora digital já somam mais de 10 milhões de visualizações.

Agora, conhecida mundialmente, Hatsune não para de emplacar sucessos, começando na música . Muitos produtores musicais conseguiram fama graças a ela. Ryo, por exemplo, foi um dos primeiros a conseguir milhões de visualizações com seus vídeos de vocaloid, o compositor é autor '' The World is Mine'' e ''Black Rock Shooter'' , tema da abertura do anime Black Rock Shooter.

Nos games, Miku divide espaço com outros Vocaloids na série ''Hatsune Miku-Project Diva'' , da Sega. No momento, existem cerca de 50 cantores virtuais diferentes, valendo destacar Megurine Luka e os ''gêmeos'' Kagamine Rin e Len.

Apesar de ser um jogo rítmico de J-pop (pop japonês) e ter personagens de aparência ''bonitinha'' de protagonistas, ele pode ser bastante desafiador. "A série Project Diva é um de muitos jogos orientais que deram certo fora do Japão, isso incentiva as produtoras de lá a trazerem mais títulos para a América", comenta o jornalista especialista em games Claudio Prandoni.

Nos shows, Miku atua por meio de projeções de imagens, esses espetáculos lotam e ninguém fica parado, o pessoal curte mesmo. Organizado pela Crypton, o ''Miku Expo'' é o concerto mais popular da personagem e conta com a presença de outros  Vocaloids e exposições, onde é possível comprar presentes. A cantora Lady Gaga, na sua turnê ''Artpop Ball'' de 2014, escolheu Hatsune para abrir seus shows de maio a junho.

No Brasil, ela também faz sucesso, tanto é que o segundo portal mais antigo sobre o tema no mundo é brasileiro: a VocaloidBrasil, onde desde 2010, traduz conteúdos sobre o assunto e cobre eventos, como o Anime Friends e um show exclusivo de vocaloid em 2014, na Copa, junto com a assessoria da embaixada japonesa no Rio de Janeiro. Atualmente, a fanpage no Facebook tem quase 15 mil curtidas.

A dona do VocaloidBR, Giovanna Oening, 24 anos, explica que o sucesso dos softwares, principalmente de Miku, se deve a três fatores: o tempo em que surgiu, marketing e a própria cultura japonesa."É costume japonês criar bastante, seja profissionalmente ou por hobby, isso serve de combustível para divulgar produtos, tornando os vocaloids autossuficientes, e os próprios fãs sustentam e promovem conteúdo", complementa.

No Grande ABC não tem nada fixo destinado aos Vocaloids, mas os interessados podem se programar para conhecer o UP!ABC, em Santo André, um festival de cultura geek que é realizado semestralmente.

De graça

Infelizmente, os vocaloids não são comercializados no Brasil. Há uma versão semelhante, o Utau que pode ser baixado gratuitamente. 




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