O que é que a Carmen tem?

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Miriam Gimenes

'Pequena Notável' partiu há seis décadas e ganha homenagem hoje em São Paulo

O sorriso devidamente delineado foi sua maior marca registrada. Vivia de alegria, como gostava de frisar. Nem mesmo o tempo conseguiu apagar a magia que Maria do Carmo Miranda da Cunha (1909-1955) emanou para o mundo e a faz ‘viva’ ainda hoje, embora tenha partido há seis décadas. Para homenagear a Pequena Notável, o seu biógrafo Ruy Castro e a cantora Greice Ive fazem hoje, às 20h, uma palestra-show no Teatro do Sesi (Av. Paulista, 1.313), em São Paulo. A entrada é gratuita.

Ruy é autor do livro Carmen, publicado em 2005. Durante a palestra, o escritor carioca falará sobre a fase em que ela viveu no Brasil, de 1930 a 1939. “Ela ajudou a inventar o samba, a marchinha de Carnaval, a indústria radiofônica, a indústria fonográfica, foi a primeira estrela do cinema brasileiro, a primeira cantora a viajar pelo Brasil e pela América do Sul, a primeira a cantar nos cassinos e a primeira em tudo”, enumera.

Greice Ive participará da homenagem cantando, entre uma história e outra, acompanhada do guitarrista João Castilho. “Ninguém fala mais de Brasil do que a Carmen. É a portuguesa mais brasileira que já existiu”, diz a cantora. Ela relembrará grandes clássicos como O Que É que a Baiana Tem?, Balancê, E o Mundo Não Se Acabou, Disseram que Voltei Americanizada, Chica Chica Boom Chic.

Ao longo de seus 20 anos de carreira, a moça das frutas na cabeça gravou mais de 300 canções – 279 no Brasil e mais 34 nos Estados Unidos. Também foi a primeira sul-americana a ter uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood. Morreu de infarto fulminante no dia 5 de agosto de 1955, aos 46 anos, em sua casa, em Beverly Hills.  

Covers perpetuam a história da estrela

Uma hora e meia é o tempo que separa Carmen Miranda de Aurora D’Vine, de São Caetano. Este é o prazo que a moça leva para se caracterizar para as performances que faz junto com o Grupo de Reencenação História Monte Castelo, ligado à Segunda Guerra Mundial. Em meio às lembranças dos pracinhas brasileiros, um deles evoca Carmen, que aparece triunfalmente ao fim da apresentação. 

Para ela, é fantástico mostrar um pouco do que a artista foi para o público. “Carmen Miranda sempre será a expressão máxima da representação da arte nacional do bailado, da música e da cultura das rodas de samba.” O diferencial da cantora e atriz, para Aurora, é o fato de que embora tenha morado os últimos anos nos Estados Unidos, não tenha perdido o jeito brasileiro de ser. “Costumo me referir a ela como Virgem Miranda, tamanha adoração e devoção que as pessoas têm por ela até hoje.”

Ainda que sua imagem apareça sempre como uma pessoa alegre, o seu cover Lana Miranda diz que atrás das coxias sua vida era outra. O artista, que há 20 anos interpreta a Pequena Notável, conheceu a sua irmã, Aurora, que confidenciou a sua frustração em não ser mãe. “Ela não foi feliz. Casou só com 42 anos, engravidou e teve um aborto natural. O marido, segundo a própria Aurora, tratava ela mal e não gostava que recebesse brasileiros em casa.” Isso era o fim para ela. 

Lana acredita, no entanto, que sua ida para Hollywood foi benéfica para os brasileiros. “Se ela não tivesse ido para lá, grandes artistas não teriam passe livre, como Tom Jobim, por exemplo. Embora ela não gostasse de ser chamada assim, foi a embaixatriz do samba para o mundo.”

SEM ELA...

- O cinema seria muito menos colorido – Seu sonho era ser artista de cinema e só conseguiu realizá-lo depois de virar cantora e ir para os Estados Unidos. <EM>

- Lady Gaga não usaria plataforma – Por ser baixinha, pediu para o sapateiro juntar o salto de um sapato ortopédico com um tamanco português. Nasceu assim a plataforma, à época tão revolucionária como as que hoje são usadas pela cantora norte-americana. 

- O rádio não teria se popularizado no País – as transmissões, que antes eram em aparelhos feitos com caixa de charutos, ganharam ouvintes com a participação fixa dos artistas mais famosos da época, entre eles Carmen.

- Os discos estariam encalhados – A cantora, que lançava um disco a cada 18 dias (à época eles tinham duas músicas), fez com que o brasileiro passasse a comprá-los, prática incomum até então. 

Fonte: Carmen – A Grande Pequena Notável

 

 




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados