O Pensador movimenta São Bernardo

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Raija Camargo

 Hoje a aceitação do rap é inegável, mas não foi sempre assim. Gabriel Contino, amante inveterado das palavras, abriu portas para novos talentos e trouxe para os holofotes e para o cenário das rádios o tal do hip hop, visto em alguns momentos como marginalizado. “Tenho um papel de pioneiro junto com outros rappers brasileiros. Na época (em meados dos anos 1990), a gente via que tinha pouca gente que sabia o que era rap e que, além disso, fazia rap em português. Então, hoje é uma alegria enorme ver tantos estilos de rap feitos no Brasil e em outros países lusófonos. Vou muito a Portugal e a Angola e já vi muita gente fazer um rap bom em português. Na verdade, vejo isso acontecer cada vez mais”, contou ao Diário.

Tudo isso para dizer que o espaço Anexo Brasa (Rua Vicente de Carvalho, 197) em São Bernardo, será hoje, a partir das 22h, cenário para a poesia deste rapper que, por meio de suas rimas, faz críticas sociais e reflexões a respeito do comportamento da juventude brasileira. Os ingressos custam de R$ 40 a R$ 120 e podem ser adquiridos no local ou pelo site ticketbrasil.com.br. A abertura é da banda cover do Sublime, Two Joints.

Para seu primeiro show em São Bernardo, Gabriel vai relembrar seus maiores sucessos. “Nesta apresentação vou cantar músicas do começo da carreira, como Cachimbo da Paz, Loraburra e Retrato de um Playboy, mas improviso muito. Eu e o meu DJ Leandro Neurose fazemos rimas na hora. Tenho até cantado música do Charlie Brown Jr. Tem também as faixas mais divertidas, as canções mais ‘para cima’.”

E Gabriel continua a colocar o dedo nas feridas. O primeiro sucesso, de 1993, Tô Feliz (Matei o Presidente), fazia crítica a Fernando Collor de Melo e chegou a ser censurada pelo Ministério da Justiça. As rimas diziam: Atirei o pau no rato/Mas o rato não morreu/Dona Rosane, admirou-se do ferrão/Todo mundo bateu palma quando o corpo caiu/Eu acabava de matar o Presidente do Brasil.

Pela Sony Music, o artista tem os álbuns Ainda É Só o Começo (1995), Quebra-Cabeça (1997), Nádegas a Declarar (1999), Seja Você Mesmo (Mas não Seja sempre o Mesmo), de 2001, MTV ao Vivo (2003) e Cavaleiro Andante (2005). Entre todos os trabalhos, destacam-se Até Quando?, 2345meia78 e Festa da música Tupiniquim.

ATIVISMO SOCIAL
Filho de uma jornalista e de um médico, Gabriel, O Pensador sempre foi muito elogiado na escola por seu dom com a escrita. Ele teve dois marcos em sua formação pessoal que ditaram seu destino: o primeiro foi uma máquina de escrever, que ganhou da avó ainda na infância; o segundo e definitivo aconteceu na adolescência, quando se encantou com a magia de rimar palavras. Ao mudar-se para São Conrado, no Rio de Janeiro, começou a conviver com moradores da favela da Rocinha. Foi ali que nasceu o músico e escritor, que já vendeu mais de 1 milhão de cópias e ganhou o prêmio Jabuti de Literatura, em 2006, com o livro infantil Um garoto chamado Rorbeto. Na história, Rorbeto descobre ainda criança que tem seis dedos na mão direita. Ele percebe isso quando aprende a contar e fica com medo da reação das pessoas por ser diferente. “Muitos professores têm usado o conto para incentivar a aceitação das diferenças e inibir o bullying nas escolas”, conta.

Engajado, mantém projetos como o Pensador Futebol, que investe em jovens que desejam se profissionalizar no futebol, em parceria com o ex-técnico da Seleção Brasileira Luiz Felipe Scolari. Também está à frente do Pensando Junto, projeto que atende crianças carentes da Rocinha, no Rio de Janeiro. “Trabalhamos com uma garotada já há algum tempo. Tem jovens que estão na faixa dos 19, 20 anos que coloquei para competir nas categorias juvenil e infantil no meu primeiro clube do Rio de Janeiro. Tem também o clube que eu apoio hoje no Rio Grande do Sul chamado Novo Horizonte, com várias categorias até a sub-19. Dali, saem muitos jogadores que a gente encaminha para outros clubes que apoiamos.




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados