Príncipe essencial aos olhos e certeiro ao coração

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Miriam Gimenes <br> Do Diário do Grande ABC

Não dá para medir se um filme é bom apenas quando ele consegue arrancar lágrimas. Para os mais sensíveis, até um episódio de Sessão da Tarde é capaz de tal efeito. Mas e se a história te toca profundamente o coração, a ponto de te fazer repensar a vida? Pois bem, prepare os lenços e o músculo pulsante: O Pequeno Príncipe, que estreia em 20 de agosto, é arrebatador, em todos os sentidos.

Baseado na obra de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944) e dirigido por Mark Osborne – o mesmo de Kung Fu Panda –, a história foi adaptada com a aprovação da família do escritor francês. “Fiz a proposta para os seus descendentes e, quando terminei, eles aplaudiram e choraram”, lembra o diretor. E esta é sua intenção: emocionar, da mesma forma que foi ‘cativado’ quando leu a obra pela primeira vez, há 25 anos, presente de sua então namorada, que se tornou esposa. “O livro tem o poder de emocionar pessoas de todo o mundo. Nada me faz mais feliz do que ver todo mundo chorando”, disse, aos risos.

E o abalo não se restringe ao público. Marcos Caruso, que dá voz ao aviador, também não se conteve. “Chorei dublando”, confessou. Ele, que é estreante neste ofício, conheceu o livro há 50 anos. “Estava esperando o momento de dá-lo para os meus netos. O filme chegou antes e eu estou falando não só com eles, mas com todas as crianças do País. (O autor) diz que você tem de ver com o coração e eu tive de dublar com ele.” A publicação, de 1943, foi a mais vendida e traduzida do mundo – quase 150 milhões de cópias. Está atrás apenas da Bíblia.

Ao todo, quase 250 pessoas trabalharam no filme, feito durante cinco anos e que e foi destaque na etapa paulista do Anima Mundi, que começou sexta-feira. Nele, Osborne utilizou duas técnicas de animação: imagens em 3D produzidas por computação gráfica e o stop motion – nas partes em que o aviador conta a história do livro –, onde pequenas figuras de papel são filmadas e animadas quadro a quadro.

ADAPTAÇÃO - O filme mostra a rotina de uma garota de oito anos (dublada por Larissa Manoela, a Maria Joaquina, de Carrossel), que não pode viver sua infância por conta do ‘plano de vida’ imposto pela mãe. Em meio a cadernos, livros e tarefas, ela é ‘flechada’ por seu novo vizinho, um senhor aviador que há alguns anos escreveu a história de um certo príncipe e a apresenta à pequena. Com a ajuda dele, ela conhece o lado lúdico da vida.

O problema dos adultos, ensina o aviador, não é crescer, mas sim esquecer da infância. Prendem-se, assim como a mãe da garota, em conquistas, cargos, dinheiro e esquecem de viver, de fato. “Me preocupo mais com o que os meus netos são do que com o que eles se tornarão. Estou preocupado em conjugar o verbo ‘ser’ e não o verbo ‘ter’. E o nosso mundo nos obriga a conjugar o verbo ‘ter’”, analisa Caruso. Embora o filme seja moderno, o Pequeno Príncipe – que aparece também adulto – mantém sua essência guardada, segundo Osborne, na ‘cápsula do tempo’. Clássico é clássico.  




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