Lugar de campeão <br>é na cozinha

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Marcela Munhoz

Que Santo André é celeiro de grandes artistas e esportistas, todo mundo sabe. Que é cenário de importantes movimentos políticos, também. A novidade é que, ultimamente, a cidade tem ofertado ao mercado grandes chefs de cozinha. Prova disso é que os dois últimos vencedores do reality show Cozinha Sob Pressão são andreenses. Arthur Sauer foi o campeão em 2014 e ontem, Filipe Santos saiu do programa com o mesmo título. Ele venceu Hugo Grassi e levou para casa prêmio de R$ 100 mil em barras de ouro, além de viagem de 20 dias para Nova York para curso na CIA, uma das escolas de gastronomia mais conceituadas do mundo.

Simples e determinado, Filipe – do Parque João Ramalho – está muito orgulhoso e satisfeito com sua participação no reality. “Trazer o título para o lugar em que nasci, cresci e, provavelmente, vou morrer é muito bom. A cidade merece, a região merece”, conta ao Diário. Além de ter derrotado outros 15 participantes, o chef enfrentou maratona de 27 dias intensos de gravações diárias. Segundo ele, o segredo da vitória foi mistura de algumas habilidades acima do talento e técnica. “Bom senso, jogo de cintura e bom relacionamento com os outros concorrentes também contaram.”

Relembrando sua participação no programa, para Filipe o desafio mais difícil foi o macarrão ao molho Alfredo. “Simplesmente disse que não sabia fazer e, na verdade, ninguém sabe tudo, é preciso reconhecer isso. Depois, dei a volta por cima, o que também foi legal e engrandeceu toda a experiência.” Na proposta de cozinhar a rã, o vencedor mandou muito bem. Enquanto todos os outros escolheram cozinhar a perna, ele fez receita com o fígado. “Nunca tinha comido fígado de rã na minha vida e ficou bom. Acredito que é importante sempre sair do óbvio, fazer algo novo.”

E foi a curiosidade em descobrir algo novo aliada a necessidade de sobrevivência que impulsionou o andreense a começar a pensar na cozinha. Ele trabalhou em padaria e, aos poucos, foi galgando espaço em grandes bistrôs e restaurantes, como o conceituado Dom, de Alex Atala, em São Paulo. “Fiz estágio por um mês e depois fui contratado. Trabalhei por três anos lá e foi experiência maravilhosa, minha maior referência. Mudou minha maneira de pensar como pessoa e também na comida.” Filipe também chefiou a cozinha da Arena Manaus, durante a Copa do Mundo e saiu maravilhado com a cozinha local. “Descobri variedades enormes do uso da farinha. Fiquei impressionado.”

Filipe – que no dia a dia adora comer rabada, frango com quiabo, omelete, bife com batata frita, “comida comum”, segundo ele – sempre gostou de cozinhar para os amigos e família. Tanto que colocou em prática projeto muito interessante: Chef Lá em Casa (www.cheflaemcasa.com.br), em que é contratado para cozinhar na casa das pessoas. É este projeto, inclusive, que ele quer levar para frente com ajuda do prêmio. “Proponho visitar as pessoas e fazer tudo ao gosto do cliente, sendo informal ou requintado. O legal é descobrir como todo mundo tem uma referência própria de comida, é muito personalizado”, finaliza Filipe, que está otimista em relação à sua profissão. “É uma categoria que está crescendo muito e os profissionais estão se qualificando cada vez mais. É bom para o chef e para a ‘cadeia’ como um todo. Para dar certo, porém, é preciso ter amor pelo que faz.”




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