Vida longa ao Rock

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Miriam Gimenes

Raul Seixas, um dos maiores ícones do rock nacional, teve uma carreira de altos e baixos. Após sua última apresentação ao vivo, feita em São Caetano, em 1985, ficou três anos afastado dos palcos. Coincidentemente, um dos shows em que o ‘maluco beleza’ fez sua volta triunfal, foi no Grande ABC: no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André, ao lado de Marcelo Nova, na última turnê de sua vida, em 1988. “Quando o cara subiu no palco aquilo veio abaixo. Não existia show de estádio em que víssemos aquilo”, lembra o produtor Carlos Prozzo.
O profissional, apaixonado pelo rock – cujo dia mundial é comemorado na segunda-feira (veja programação na página 2) – não era só habitué nas principais apresentações que passaram pelo Grande ABC nas décadas de 1980 e 1990, como também os produzia. O que o Raul se apresentou, trazido por Marcelo Nova, do Camisa de Vênus, foi um deles. “O Grande ABC sempre foi a rota do rock. Todo artista gosta de cantar aqui porque há grande identificação do público”, lembra.
 
Ele, que tinha um programa na extinta rádio 97 FM, de Santo André, era dono da produtora Rockstrote e gerenciou os grandes shows promovidos na região. Entre eles estão Faith no More (1991), Ramones (1996), Deep Purple (1997), Emerson Lake and Palmer, além das bandas nacionais como Capital Inicial, Titãs, Ira!, Legião Urbana, entre outras. “Eles (artistas) ficavam no ‘cio’ por conta do público, da identificação com o rock. O Aramaçan fervia. No fim do show, o Ian Gillan, do Deep Purple, até me agradeceu”, lembra, nostálgico. E um dos festivais que mais fizeram história no clube foi a Primavera do Rock, pausada há quase uma década.
 
Carlos, que parou com as produções por problemas pessoais, promete voltar ao show business em grande estilo: vai retomar o festival no dia 7 de novembro, também no Aramaçan. “Já temos o Ira! e o Camisa de Vênus”, adianta. Ele, que é um apaixonado pelo ritmo – embora também tenha aderido ao gospel, por fazer parte da igreja Bola de Neve – acredita que, em dois anos, o cenário musical tende a se renovar. “Estão surgindo bandas, principalmente em Minas (Gerais), que têm tudo para explodir.” Com o know how que tem no assunto, só resta esperar.
 
MEMÓRIA
O histórico dos shows no Grande ABC – além de projetos como o Rock in Rua, de Santo André – faz acreditar que no retorno de A Primavera do Rock. No do Faith no More, por exemplo, 6.000 pessoas foram assistir a apresentação da banda norte-americana. Segundo reportagem publicada pelo Diário, o “espetáculo foi recheado de lances de tietagem explícita e o público saiu satisfeito”, após uma hora e meia, com bis.
 
Já o do Ramones, com um público um pouco menor –5.5 mil pessoas – foi vibrante, mas teve um problema com skinheads que tentaram invadir o Aramaçan para ver o show e foram impedidos por seguranças. O Deep Purple, por sua vez, reuniu público de todas as idades e Gillan, extasiado – como contou o produtor – gabava-se no camarim, dizendo que cantara como nos velhos tempos.
 

E, se depender da vontade do produtor, a região voltará a ser palco dos grandes shows. Afinal, como dizia Raulzito, “um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” Público, pelo visto, não faltará.   




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