Sobre sonhos e medos

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Rodrigo Mozelli

Imagine a grande oportunidade que é poder sair da rotina e ficar fora de casa por um ano e meio viajando e conhecendo novas culturas e pessoas. Pois foi nesta aventura que o escritor Felipe Sant’ana Pereira (ou Felipe Gaúcho), 21, natural do Rio Grande do Sul, embarcou de corpo e alma. Desde criança, queria viajar mundo afora. E quem pensa que a ideia era fazer um simples intercâmbio cultural, está enganado. O objetivo de Felipe sempre foi conhecer a realidade de crianças e jovens estrangeiros para ‘resgatar a juventude perdida’. A ideia inicial era contar com a companhia do amigo Louiz, mas ele não pôde ir. O relato das descobertas, então, virou enorme carta endereçada ao amigo. A história ficou tão rica que Felipe decidiu transformá-la em livro, Jovem o Suficiente, lançado recentemente pela Matrix Editora (352 págs., R$ 39,90, em média). Em depoimento exclusivo para a Dia-a-Dia, o escritor conta passagens inesquecíveis da sua viagem.

 
“Sonhava fazer isso desde meus 12 ou 13 anos. Naquela época, tinha um mapa afixado na parede do meu quarto, no qual marcava com alfinetes minhas prováveis rotas. Meu amigo Louiz compartilhava deste sonho comigo. Mas, quando ficamos mais velhos, percebi que todos os amigos e pessoas que estavam a meu redor ficaram presos às suas rotinas, impossibilitados de curtir a juventude. Foi então que decidi que não queria ser mais um desta lista e, mesmo sem Louiz – que não tinha condições financeiras de viajar –, resolvi concretizar nosso sonho juntos, prometendo escrever relato da aventura.
 
Durante a jornada, senti deslumbre. Acho que é curiosidade infantil, ou seja, a de deslumbrar o novo a cada paisagem, a cada sorriso de uma criança, a cada cumprimento de um adulto. Fiquei um ano e meio viajando. Passei por 32 países, em regiões como Ásia e Europa. Lá, conheci muita gente e diferentes realidades, na busca de recuperar a juventude perdida. Creio que é possível amadurecer sem deixar de ser jovem. Quando retornei, tinha escrito grande carta para Louiz, incluindo fotos que tirei. Só que a carta ficou grande demais e outras pessoas me pediam para lê-la. Foi então que resolvi transformá-la em livro.
 
Minha intenção ao fazer isso é a de que as pessoas, ao lerem sobre minha aventura, mudem de vida, se transformem e vejam como um menino se jogou no mundo. Mas, apesar de tanto tempo nesta empreitada, é difícil para mim formalizar o que aprendi com isso tudo, pois foram muitas coisas vivenciadas. Acho que consigo destacar uma grande diferença que notei entre adultos e crianças: elas têm sonhos abundantes e fantasiosos, e medos raros e mundanos, enquanto os adultos têm sonhos raros e mundanos, e medos abundantes e fantasiosos. Por isso, jovem ou não, o que fica de tudo isso é: se há um ideal ou um sonho, lute por eles. Lute com garra. É sim possível conquistar o que deseja.”
 
 



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