Homem de várias faces

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Rodrigo Mozelli

 No passado, o chamado jornalismo literário emergiu com força no Brasil. Um de seus precursores foi João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, mais conhecido por seu pseudônimo: João do Rio, um dos maiores de sua era. Entre várias de suas obras, a que se destaca é Memórias de Um Rato de Hotel, escrito em 1912. A história é espécie de biografia de Arthur Antunes Maciel, conhecido como Dr. Antônio, famoso e verídico ladrão de hotéis do Rio de Janeiro que, no início do século 20, usava diversos nomes para aplicar seus golpes. Hoje, o longa nacional Muitos Homens Num Só, baseado na obra de João do Rio, estreia nas telonas.

A película é assinada por Mini Kerti (este é o primeiro trabalho ficcional da diretora) e tem como protagonistas Vladimir Brichta e Alice Braga, e ainda conta com Caio Blat no elenco. A história mostra Dr. Antônio (Vladimir Brichta) aplicando mais um de seus golpes e escapulindo com facilidade, o que obriga o jornalista Félix Pacheco (Caio Blat), orientador da polícia neste caso, a buscar métodos eficazes de identificar o ladrão. Porém, quando seu ‘mentor’. Vellez (César Troncoso) o obriga a roubar ações de empresário em outro hotel, Dr. Antônio vê sua liberdade entrar em risco quando conhece e se apaixona por Eva Pereira (Alice Braga) submissa às vontades do marido, mas que se aproxima cada vez mais do rapaz.

Este filme é, provavelmente, um dos melhores do cinema recente brasileiro, podendo ficar ao lado de Lisbela e o Prisioneiro, por exemplo. A ‘reconstrução’ do Rio de Janeiro das primeiras décadas do século 20 foi muito benfeita, com cenários chamativos e que nos transportam para lá. Vale dizer que algumas construções, como colégios (erguidas à época) foram utilizadas, não só no Rio, mas também em Petrópolis. Por conta de ser filme de época, não possui efeitos, o que não o estraga, de modo algum. Já a trilha sonora não acompanha as batidas, sendo mais atual, mas isso agrega muito ao longa. Por fim, o maior destaque deve ser dado às brilhantes atuações dos atores, sobretudo da dupla protagonista, Vladimir Brichta e Alice Braga.

Em entrevista ao Diário, Alice conta como foi atuar em Muitos Homens Num Só. “Desde que conheci a Mini, percebi que ela sabia exatamente o que queria para esses personagens. Desde as primeiras leituras já trocávamos muito sobre detalhes e buscávamos, juntas, possíveis caminhos para entender quem era Eva. Todo esse processo foi muito enriquecedor e o resultado ficou maravilhoso.” Quanto às dificuldades de se fazer tal projeto, a atriz é sucinta: “Fazer filme de época implica em figurino pesado e muito quente para o verão brasileiro.” A atriz também conta como foi trabalhar ao lado de Brichta como par romântico. “O Vlad, além de ser pessoa muito querida e atenciosa, é ator extremamente generoso e amigo”, encerra.




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