Arte para questionar

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Marcela Munhoz

Passear no shopping pode ser experiência surpreendente. Causar reações inusitadas e instigar a pensar sobre a relação das pessoas com o espaço urbano são alguns dos objetivos do artista visual Heleno Bernardi. Fazem parte da mostra Enquanto Falo, as Horas Passam, 50 colchões produzidos em espuma, tecido, linha e botões que formam a silhueta de um corpo humano em posição fetal e de tamanho natural. A instalação fica de quinta-feira até o dia 12 no segundo piso do Golden Square Shopping (Av. Kennedy, 700), em São Bernardo. A entrada é gratuita.

“O espaço público sempre me interessou como campo de experimentação dentro da arte. Este trabalho, em particular, procura colocar em perspectiva nossa relação com abrigo, desabrigo, conforto e acolhimento”, explica Bernardi. O nome da mostra – Enquanto Falo, as Horas Passam – faz referência a uma frase atribuída ao poeta romano Ovídio, por ter sido expulso de Roma após publicar alguns escritos sobre o amor.

Segundo o artista, os colchões têm formatos de posição fetal, porque temas sobre corpo humano sempre foram fonte de inspiração para ele. “Pensar de que forma os corpos materializam e expressam a subjetividade de cada indivíduo é vasto campo de pesquisa.” A escolha dos colchões como objetos de exposição também não foi por acaso. “(Os colchões) São normalmente de uso particular e muito íntimos. Ao mesmo tempo, quando vemos um na rua, nos damos conta da exclusão de conforto que atinge parte da população. Esta abordagem abre espaço crítico para a discussão sobre o corpo na cidade e suas dimensões pública e privada. Assim, o embate entre abrigo e desabrigo está sempre em jogo”, conclui.




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