Aventuras do anti-herói

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Miriam Gimenes<br>Do Diário do Grande ABC

Câmara Cascudo (1898-1986), pesquisador da cultura nacional, era expert em Pedro Malasarte. Tanto que o personagem ibérico foi protagonista de seis das 100 histórias narradas no seu livro Contos Tradicionais do Brasil. O escritor potiguar o definiu como um “burlão invencível, astucioso, cínico, inesgotável de expedientes e de enganos, sem escrúpulos e sem remorsos.” E é a história deste anti-herói, com um quê de João Grilo (Auto da Compadecida), que será contada em 2016 nas telas de cinema. 

 
Em Malasartes e o Duelo com a Morte, de Paulo Morelli (o mesmo de Cidade dos Homens e Entre Nós), o personagem título será interpretado por Jesuíta Barbosa. O projeto, que está em fase de gravação, demorou 28 anos para sair do papel. “Quando comecei as pesquisas de folclore, na década de 1980, a ideia inicial era fazer uma série de TV. Acabou não dando certo”, justifica o diretor. Paulo se encantou pelo personagem por ele reunir os mesmos atributos de João Grilo, Jeca Tatu, Macunaíma. “É um filme para a família”, enfatiza. Malasartes, em espanhol é malas artes, ou ‘artes más’. Em português correto: malandro.
 
O longa, que será dividido em duas partes – fase caipira e a mágica – mostra que a morte (Júlio Andrade) está cansada do seu ofício, desempenhada há milhares de anos. Precisa, portanto, de um substituto para cobrir suas férias e enxerga em Malasartes a pessoa ideal. Só que ele terá de disputar a vaga com a Parca Cortadeira (Vera Holtz) e o assistente da morte, Esculápio (Leandro Hassum). Também estão no elenco Isis Valverde, Milhem Cortaz, Julia Ianina e Luciana Paes. 
 
EM AÇÃO
A história é gravada em duas locações: uma fazenda em Jaguariúna e nos estúdios da O2 em Cotia. O Diário presenciou um dia de filmagem nos cenários, que levaram dois meses para serem confeccionados. Como haverá muita inserção de efeitos especiais, o fundo verde em chroma key é providencial. 
 
Jesuíta diz que construiu o seu Malasarte baseado na simplicidade. “Sou caipira do interior do Nordeste, uso da minha essência para trabalhar aqui.” Ele, que confessou nos bastidores estar com gripe antes da gravação, em cena parecia estar ‘intacto’. 
 
O clima é de descontração. “Rimos o tempo todo”, diz Vera Holtz, em coletiva pós-filmagem. Tanto que a morte, encenada por Júlio, é encarada de forma leve. “Estou vivendo o meu menino, os vilões da minha infância”, ressaltou Júlio. E tem ator do elenco sendo usado como ‘chamariz público’. “Tem igreja virando cinema só porque sabe que vai ter filme do Hassum”, brincou Paulo. Se depender dos bastidores, o filme promete. 



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