Barriga Sarada?

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Raija Camargo

Os padrões de beleza estão por todos os lados. E para notar a cobrança, não precisa nem sair para comprar revistas segmentadas para o público feminino. Basta abrir um site de variedades que pipocam chamadas julgando a forma das famosas. A mídia, de certa forma, legitima essa patrulha pelo corpo da mulher. E não é que agora até as grávidas entraram na dança? Embora este seja o período de maior mudança física de uma mulher, a preocupação com as formas – e em ter a barriga ‘sarada’ – tem deixado muitas mamães no dilema entre ser saudável para gestar o bebê e, ao mesmo tempo, manter o corpo enxuto.

A modelo norte-americana Sara Stage, 30, causou polêmica com as fotos que postou em seu Instagram durante os últimos meses de gravidez. A morena exibia uma barriga pequena e com músculos bem marcados, a famosa ‘tanquinho’, causando indignação em seus seguidores, que à época fizeram comentários criticando a excessiva preocupação de Stage com a magreza em detrimento da saúde do bebê. Ela defendeu-se dizendo que fazia exercícios com acompanhamento profissional e deu à luz a uma criança saudável. Pontos de vista à parte, a repercussão mundial do caso trouxe à tona o assunto que é diretamente li­gado à saúde da mulher.

Em Santo André, a grávida Karin Sanches também surpreende as pessoas em suas redes sociais e os frequentadores da academia em que treina com ritmo digno de uma atleta. Aos 35 anos, ela está grávida de Pedro. E não titubeia em levantar 30 kg em exercícios de agachamento da modalidade crossfit – antes de engravidar levantava 60 kg. “Quem pratica atividade física se preocupa quando está gestante. A gente sabe como é difícil manter o peso, eu tinha tendência de engordar, sempre fiquei muito preocupada do que seria de mim grávida. Se estivesse comendo como estou hoje, sem fazer exercício, teria engordado muito”, acredita.

A obstetra Dra. Alba Zucco, que acompanha sua gestação, comenta que apenas mulheres que já faziam exercícios de alta intensidade podem seguir com a prática. Ainda assim tem de ter supervisão especializada para ajustar as cargas e a intensidade. “Uma mulher não praticante de atividade física deverá começar como qualquer iniciante, com acompanhamento de um profissional tecnicamente preparado para orientar uma gestante. A atividade física de leve a moderada intensidade é orientada para toda mulher que não apresentar contraindicações para tal, como ameaça de aborto, trabalho de parto prematuro, pré-eclâmpsia e ou­tras coisas”, diz. Ela orienta a fazer atividades leves, sempre acompanhada com profissional. “Desde natação, hidroginástica, alongamento, pilates, ioga, musculação, spinning, andar, o que trouxer bem-estar para a paciente. “

No sétimo mês de gravidez, Karin ganhou apenas um quilo a cada 30 dias. O recomendado pelos médicos é que uma mulher saudável ganhe de oito a dez quilos durante o período gestacional. “Minha médica deu o suporte, disse que eu poderia continuar. As pessoas me veem e falam: ‘Meu Deus, que loucura!’ . A maioria realmente tem uma reação assustadora, dizem que não posso agachar, que vai esti­mular trabalho de parto, mas explico que já praticava antes e me sinto bem, tenho apoio do meu perso­nal. A barriga fica mais durinha, o útero é um músculo e enrijece durante o exercício também.” Em tom de brincadeira, diz que quer que sua bolsa estoure dentro da academia de crossfit para que, de lá, vá direto para a maternidade.

A famosa musa fitness Bella Falconi, 29, revela já ter deixado de frequentar eventos sociais e de viajar para não sair da dieta, mas mudou sua rotina e suas prioridades após engravidar. Segundo ela, os exercícios são importantes, mas no limite. “Não sou eu mais, agora é a minha filha. Tudo em prol da saúde dela. E tenho certeza que depois que nascer continuarei sendo uma pessoa mais equilibrada,” diz. Bella foi ícone da comunidade fitness por muito tempo e seu corpo ‘perfeito’ rendeu cerca de 1 milhão e meio de seguidores no Instagram, além de ga­nhar espaço na mídia e status de ícone. “Acredito que a vaidade tem de existir, pois precisamos cuidar da nossa autoestima e do nosso corpo, mas isso deve ser algo saudável. A vaidade deixa de ser bacana quando a pessoa passa a sacrificar coisas como sua própria vida social em prol da aparência, ou começa a fazer escolhas não tão saudáveis e cometer loucuras para atingir a beleza ‘perfeita’, que na verdade nem existe.”

Não só na vida como na gravidez os extremos são nocivos. Contar calorias é tão prejudicial quanto achar que pode ‘comer por dois’. “O ideal de ganho de peso até 22 semanas (cinco meses e meio) é de no máximo três quilos, pois com cinco meses o feto pesa no máximo 500 gramas. Terminar a gestação com oito a 12 quilos no máximo aos nove meses. Isto para uma paciente que inicia a gestação com peso normal. Se estiver acima do peso, se ela acompanhar com uma nutricionista e fizer a reeducação certinho, é capaz de perder peso, pois há um acréscimo de 30% do metabolismo materno por conta da gestação. Com uma ingestão calórica adequada, esta paciente após o parto pode chegar no seu peso ideal”, explica a obstetra.

 
ATENÇÃO
 
Emagrecer durante a gravidez é um sinal de alerta. Eliana Dias, 25, perdeu seis quilos no início da gestação, porque estava com depressão. No sexto mês conseguiu ganhar peso e gerar um bebê saudável, mas admite que o estado emocional tirava o apetite. “Estava mal por conta de problemas pessoais e não tinha fome.” Segundo ela, algumas mu­lheres quando descobrem que estão grávidas resolvem ‘chutar o balde’, engordam 20, 30 quilos, e isso não tem a ver com o bebê ter mais saúde ou não. “Essa história de comer por dois não existe”, acredita.
Cada corpo exige um cuidado dife­rente e seguir à risca as dicas do obstetra fará com que a gestação seja tranquila e saudável para mãe e bebê. É importante saber que alguns alimentos são unânimes nas indicações médicas: ovos (contêm mais de 12 vitaminas), minerais e proteínas, o feijão (rico em cálcio, magnésio, zinco e vitaminas do complexo B) e castanhas-do-pará e aveia, que auxiliam no sistema imunológico. Seguindo as recomendações, aproveite sem maiores preocupações – e do


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