Arte de Zhô para todo mundo ver

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Rodrigo Mozelli

‘Penso, logo existo.’ Esta conclusão do filósofo francês René Descartes pode ir além com o poeta e escritor de Santo André Zhô Bertholini, pois ele está sendo ‘imortalizado’ nas ruas, avenidas e calçadas da cidade. Projeto da Secretaria de Cultura em parceria com a Casa da Palavra, O Poeta na Rua – Zhô e a Cidade consiste em pintar tercetos (estrofes de três versos) de Bertholini no asfalto de diversos pontos importantes do município. A iniciativa foi inspirada em trabalho semelhante realizado em Madri, Espanha, no qual a ideia central era divulgar frases curtas e poéticas.


Para a versão nacional, a secretaria pediu a Zhô frases de tamanho (e importância) semelhante. Por conta disso, ele cedeu os direitos de sua obra Céu Sem Dono, livro publicado em 2006 e que contém 100 tercetos. “Me fizeram esse convite em dezembro do ano passado e me surpreendi com a ideia. Me sinto realizado. As pessoas me cumprimentam na rua. Virei celebridade”, ri o poeta e escritor, que tem por característica a utilização de fanzine (revista feita de fãs para fãs) e lambe-lambe (pôsteres artísticos), além de editar, em conjunto com a também escritora Jurema Barreto, a revista A Cigarra por mais de 25 anos.


Sobre a escolha, a Secretaria de Cultura afirma, por meio de nota, que “Zhô concentra em sua obra variadas questões urbanas, criando foco de atenção em seu trabalho, que permite reflexão sobre o cotidiano da cidade”.
Ainda segundo a secretaria, este projeto tem apoio do departamento de trânsito, responsável pela aplicação das máscaras com os dizeres (por meio de grafite), sendo que sua durabilidade é estimada em cerca de um ano.
Até o momento, 36 dessas máscaras já estão devidamente em seu lugar. Entre eles estão dois na Rua José Amazonas, um na Rua das Monções, dois na Sabina – na entrada da Rua Juquiá, dois na Avenida Pereira Barreto e um no cruzamento entre a Avenida D. Pedro II e a Rua das Goiabeiras. Além dos que já podem ser apreciados, outros 26 estão previstos para serem pintados, mas a obra depende do clima, pois a tinta utilizada não pode ser aplicada em caso de chuva.

Zhô brinca ao falar de qual ponto ilustrado com sua arte o agradou mais. “Gostei de todos, não tenho nenhum preferido”, e exaltou a administração atual. “Eles estão tomando postura de cuidar da Cultura local.” Os escritos viraram poemas na mão do escritor (para esta obra em especial) de maneira inusitada. “Tenho uma prancheta na qual anoto inspirações. Depois penso como vou fazer virar poema. Para este livro, quando vi, tinha mais de 300 anotações”, finaliza.




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