Blues brasileiro para gringo ouvir e aplaudir

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Vinícius Castelli<br>Do Diário Do Grande ABC

A música surgiu na vida de Igor Prado cedo, aos 5 anos. O guitarrista de blues de São Caetano e o irmão e baterista Yuri sempre tiveram contato com a música, algo muito presente em casa por conta de seu pai, que nos intervalos das festas familiares colocava canções de Little Richard e Chuck Berry na vitrola. Ambos na banda Igor Prado Blues Band, não imaginavam o que o futuro estava preparando. 
 
Se até um tempo atrás pensar num artista brasileiro de blues sendo o mais executado nas rádios do país onde surgiram as maiores lendas de tal gênero era algo inimaginável, hoje isso virou verdade. O disco da Igor Prado Blues Band, Way Down South, lançado em fevereiro na América do Norte pelo selo norte-americano Delta Groove, é o mais tocado nas rádios da terra do ‘Tio Sam’ especializadas no gênero. A divulgação é da Living Chart Blues, responsável pelo controle do que toca nos cerca de 80 programas de rádio do país.
 
“A gente comemorava no início do ano apenas de estar numa gravadora norte-americana de ponta com alta distribuição nos Estados Unidos e Europa. O álbum foi lançado em fevereiro e em março veio a notícia de que Way Down South era o álbum mais executado dentro do segmento no país”, conta Igor ao Diário.
 
Gravado no Brasil e Estados Unidos, entre turnês e com participação especial de artistas norte-americanos, Way Down South levou quatro anos para ficar pronto e apresenta sonoridade crua e poderosa, é fiel às raízes do gênero e conta com canções de primeira. Foi mixado e masterizado em São Caetano. 
 
Igor explica a importância dos artistas convidados que estão no disco. “Tem gente de peso, muitas pessoas envolvidas e creio que o mérito é de todos. Não penso que é um brasileiro batendo os norte-americanos, penso mais de uma banda brasileira que, juntamente com os norte-americanos, bateram o Top#1”, diz.
 
Entre os convidados estão nomes como Lynwood Slim, Sugary Rayford e Mud Morganfield, filho do lendário Mudy Waters. “Tem artistas da gravadora Delta Groove, mas tem bastante gente do cenário norte-americano que não são da Delta Groove, como Kim Wilson e o Rod Piazza”, explica o guitarrista.
 
Para Igor, o público norte-americano escolheu escutar um brasileiro que está junto com seus artistas. “A gente não está competindo com eles e nem daria, pois o blues é o samba deles. Nós estamos tentando somar algo, acho que esse é o segredo do negócio. E o que eu percebo há alguns anos é que houve um ‘apadrinhamento’ principalmente dos artistas grandes de lá com relação a gente. Eles entenderam o respeito que temos com a música deles”, explica o artista.
 
Com turnê agendada nos Estados Unidos para este mês – são 15 shows marcados – e Europa em julho, a Igor Prado Blues Band já pensa no próximo trabalho, um tributo ao cantor Little Willie John.

 




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