Fim de uma era

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Miriam Gimenes

Toda vez que um furacão passa não fica pedra sobre pedra. Embora o Brasil não seja um País acometido por tal fenômeno, eis que ele deu o ar da graça há duas décadas e seus reflexos perduraram por anos. O nome? Gisele Bündchen. A mais famosa top brasileira, com gingado singular e fama internacional, achou que era ora de dar ‘tchau’, aos 34 anos. Ontem, pela última vez – pelo menos foi o que anunciou –, fez seu desfile profissional derradeiro, na São Paulo Fashion Week pela Colcci. Decidiu encerrar os trabalhos no evento que a projetou para o mundo em 1996, ainda quando chamava Morumbi Fashion.

Manifestou seu sentimento em rede social. “Sou grata por ter tido a oportunidade, aos 14 anos, de iniciar esta jornada. Hoje, após 20 anos nesta carreira, é um privilégio estar fazendo meu último desfile por escolha própria e continuar trabalhando em outras facetas da indústria.” Gisele, que iniciou a carreira aos 14, alega querer focar em projetos pessoais. Visivelmente emocionada, entrou na sala de desfiles – sob os olhares dos familiares e do marido, Tom Brady – , foi ovacionada, e seguiu para aquelas que seriam suas últimas passadas. Fez duas inesquecíveis aparições e, no fim, modelos vestiram camisas com diferentes fotos suas e a esperaram para o abraço do adeus. Gisele saiu chorando.

Só que, para quem acompanhou por todo esse tempo sua trajetória, é impossível vislumbrar futuro sem a über model. “É o fim de uma parceria (dela com a SPFW), mas eu duvido que Gisele não desfile mais, inclusive se surgir um convite da Chanel”, diz a papisa da moda, Costanza Pascolato. Segundo ela, a modelo chama o público. “Era para ser evento profissional, mas muitos do que vêm aqui são para vê-la. (Com sua saída) Vai chamar menos atenção”, acredita. Pascolato está certa. Se houvesse uma hashtag todas as vezes que o seu nome foi pronunciado ontem nos corredores dos desfiles, teria entrado para os Trending Topics (notícias mais comentadas no momento). Não se falava em outra coisa. Tanto, que os convites para entrar nos desfile foram disputados ‘a tapas’ . Só conseguiram os pré-selecionados pela marca.

A consultora de moda Glória Kalil diz que a moda brasileira não acaba, mas perde a protagonista. “É o encerramento de uma maneira única de andar, que fez a moda aceitar um tipo físico com mais curvas, mais saúde e muito imitado. Foi etapa bonita das passarelas.” E existe uma substituta? “Tem um monte de meninas bonitas, mas com aquele ‘a mais’ ainda estamos na espera”, diz, sorrindo. Já o criador da semana de moda, Paulo Borges, comemora sua passagem histórica pelas passarelas do Brasil e mundo. “É uma pessoa com imagem impecável, um ícone mundial. Deixou legado para a moda brasileira. Dentro ou fora da passarela nunca vai deixar de ser Gisele.” Assim como um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, um furacão dessa dimensão, pelo visto, vai demorar para passar novamente.  




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