Fábio Porchat protagoniza estranha 'dramédia'

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Marcela Munhoz

Se a ideia de Fábio Porchat e do amigo e diretor de Porta dos Fundos, Ian SBF, era causar estranheza aos espectadores, a missão será cumprida com Entre Abelhas. O longa-metragem brasileiro, escrito e coproduzido pela dupla, tem estreia marcada para o dia 30 em cerca de 400 salas de cinema do Brasil. Tendo como referências filmes como Mais Estranho que a Ficção (Marc Foster), Ela (Spike Jonze) e Amor Para Sempre (Roger Mitchell), o projeto data de dez anos e ganhou, no mínimo, dez versões até chegar ao resultado final, definido como dramédia (drama e comédia). “Tivemos total liberdade para trabalhar e ficou exatamente do jeito que imaginamos. É reflexão sobre como enxergamos cada vez menos as pessoas. Por quantas passamos todos os dias e sequer olhamos?”, indagou o ator em seu primeiro papel mais ‘sério’ ontem durante encontro com jornalistas.

A trama – gravada durante cinco semanas no Rio de Janeiro – é conduzida pela visão de Edu (Porchat), um cara comum de 30 anos que vive recente separação de Regina (Giovanna Lancellotti). O baque é tão grande que, de repente, algumas pessoas começam a desaparecer. “É algo diferente do que se tem feito no cinema nacional. Vai além e trata também da depressão e da solidão. Queremos mesmo que o público tenha uma inversão de expectativa”, analisa Marcos Veras, que interpreta Davi, melhor amigo de Edu. Também da equipe de Porta dos Fundos, Luis Lobianco completa o pensamento: “O filme é denso. O personagem do Fábio tem sintomas de pessoas com depressão e muita gente sofre de verdade, não é ficção. Além disso, a trama mostra que a nossa geração de atores também pode surpreender o público com história mais séria”, diz. Lobianco aparece no papel de Nildo, atendente de pizzaria. “Ele é mais um dos ‘invisíveis’ da sociedade”, define. Letícia Lima, Marcelo Valle e Irene Ravache completam o elenco. “A Irene foi fundamental. É o que traz credibilidade ao trabalho e, desde o começo, fez questão de fazer parte da nossa ‘turma’”, diz Porchat.

Chegar ao título – Entre Abelhas – foi a parte mais difícil do processo. “Tem a ver com algumas abelhas estarem, simplesmente, sumindo no mundo, sem motivo aparente”, explica Ian. “E da importância delas para a sobrevivência do planeta Terra, assim como as pessoas. Por isso, o título sintetiza o que queríamos passar”, diz Porchat brincando com o fato de não terem o nome fechado para o projeto até a “semana passada”. “Se você tiver algum melhor até a estreia, nos avise”, disse para a jornalista que assina esta matéria. Mas as piadinhas de praxe da turma do Porta dos Fundos não foram suficientes para transformar Entre Abelhas em filme que vai agradar a maioria. Pelo contrário, a parte da comédia é fraca. Além disso, a tentativa de colocar Porchat em papel que vive drama real saiu pela tangente, o roteiro não é forte o suficiente para isso. A história é tão estranhamente costurada que confunde e deixa muita coisa no ar. Fica nebuloso, como enxame de abelhas. No fim, o que se sobressai não é nem a comédia nem o drama. O que sobra é a impressão de que trata-se do primeiro rascunho de um projeto. Quem sabe na próxima?




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