Medo para quê?

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Marcela Munhoz

Medo do escuro, de ficar sozinho, do homem do saco, do boi da cara preta. Medo de se perder, de altura, de barata. Medo de ladrão, de pular de paraquedas, de ficar doente. Medo de se apaixonar, de envelhecer, de morrer. Medo, medinho, medão. Desde que a gente nasce até o dia da nossa morte, o medo se esconde entre os outros sentimentos e insiste em ficar. De vez em quando é tímido e logo vai embora; em outros momentos é tão intenso que permanece por dias, meses e anos. E a sensação só aumenta nas gerações que se seguem. De acordo com pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, o medo diário nas pessoas está dez vezes maior do que na década de 1980. Claro, os motivos triplicaram. Mas mesmo fazendo parte do sistema de defesa, do instinto de sobrevivência, o medo não pode paralisar. Ele não tem esse direito. Não em um mundo onde correr riscos é algo absolutamente necessário.

A capa desta edição da Dia-a-Dia é a coragem em pessoa. Marília Gabriela não tem medo de perguntar, ousar, experimentar, desejar, exibir, se orgulhar, errar, de aprender e reaprender. Ela, simplesmente, não tem medo de ser, de viver nem de envelhecer. Na verdade, deste último item ela tem raiva mesmo. Em entrevista exclusiva, Gabi explica o motivo do medo não fazer parte do seu repertório. “Porque ainda não consegui respostas. Então não sei quanto tempo mais tenho para isso, para praticar todas as atividades, fazer todas as viagens, ver tudo que eu quero ver, todos os espetáculos, filmes, todos os povos, todas as línguas, todos os lugares”. Para ela, ninguém “está preparado nem para o amor nem para a morte. O amor, quando vem, é tão inédito que não sabe o que vai acontecer. Na morte a mesma coisa. Eu, como não tenho medo do amor, não tenho medo da morte.”

Rafael Ilha, ex-banda Polegar, é outro que aprendeu a não ter mais medo da morte. Ele teve parada cardíaca, nove overdoses, crise aguda de depressão e tentou o suicídio. Aos 42 anos e à espera do nascimento do segundo filho, Laura, confessa qual foi sua maior perda em anos de vício. “Minha maior perda foi a de tempo. Se o usuário de drogas não tiver sequelas sérias, é possível se restabelecer. Mas o tempo perdido, esse não volta”, conclui. Nesta edição da Dia-a-Dia você vai saber também quais são os benefícios do pole dance, vai conhecer brasileira que conquistou espaço nos bastidores da maquiagem de Hollywood, vai se encantar com belíssimos vestidos de noiva feitos de renda e sonhar com quem escolheu destinos paradisíacos para casar e renovar os votos.
Que nossos medos sejam bobos e nossas coragens, absurdas. Certo, Clarice Lispector? Boa leitura.

Marcela Munhoz
marcelamunhoz@dgabc.com.br




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