Odair José para ouvir em alto e bom som

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Vinícius Castelli

 Sem o menor medo de experimentar, ousar e se inovar, o cantor e compositor Odair José está com tudo e quer é mais. Ele ilustra sua discografia com outro álbum de inéditas, Dia 16 (Saravá Discos, R$ 19,90, em média), 35º da carreira, que sai após hiato de três anos. Aos 66 anos, o compositor e autor de uma das canções mais polêmicas do período da ditadura militar, Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula), abusa agora das sonoridades, mergulha no rock e não deixa de lado seu perfil romântico.

Os acordes de guitarra da faixa Dia 16, abertura do trabalho, junto do peso da bateria e do contrabaixo, apresentam um Odair José roqueiro. “Pois é, está bem para o lado do rock, na verdade me identifico com este estilo. Sou guitarrista e os meus shows sempre foram com essa pegada, mais rock. O CD reflete isso e daqui para frente isso vai ficar cada vez mais evidente na minha proposta”, explica Odair ao Diário.

É claro que as canções com refrões grudentos, que lembram o Odair José dos anos 1970, não ficam de fora, como em Encontro, com seus arranjos acústicos e letra que incentiva a acreditar em algo melhor após as dificuldades da vida. “O disco é feito por mim e tem de ter a minha cara. Gostaria que as pessoas me vissem até mesmo no rock. Não quero ser diferente, só ter a liberdade de criar”, diz.

Dia 16 – título que surgiu simplesmente porque Odair pensou em tantas coisas acontecidas nessa data, inclusive o dia em que nasceu – tem ar ‘garageiro’, orgânico, analógico e jovem. “Eu sou assim, é desse jeito que vejo o meu trabalho: uma coisa disciplinada, mas bem ‘crua’”, conta. O artista explica que nesse trabalho sente ter reencontrado o verdadeiro Odair José. “O cara disciplinado naquilo que faz e isso foi muito bom”, diz ele.

Amor é um tema que, claro, não fica de lado jamais quando o assunto é Odair José. Basta escutar a balada Me Desculpe. Com arranjos acústicos e elétricos e até pitadinhas de blues. A canção fala de algo que muitos já viveram, um amor que não durou, mas deixou marcas para sempre. E para Odair, mesmo após tanto tempo na vida musical, não é difícil e tampouco clichê falar desse tema. “Olha, tudo na vida tem e deve ter ‘amor e paixão’. Tudo! Para mim não é difícil.” Ainda para falar de amor, o compositor lembra de sua mãe, Antonia, dos tempos em que viveram juntos e presta homenagem na música Lembro. “Perdi minha mãe há seis anos e, de repente, estava tocando guitarra, a música foi saindo.”

Odair José explica que sempre teve seu trabalho apreciado pelo público jovem. Mas agora isso ficou ainda mais evidente para ele. “É uma coisa muito boa, pois o público sempre está com a gente. O jovem é que sabe das coisas”, conta ele, que comemora o momento da carreira. “Tenho trabalhado com muita sinceridade. Os fãs entendem e gostam, isso é bom”.

E para quem acha que é só, Odair José vai além e junta rock e psicodelia com folk e soul. “Sinceramente, eu gostaria de fazer mais do que foi feito nesta linha. Se houver um próximo vou avançar mais, fazer um tanto mais experimental. Aguardem”, promete.




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