Dólar alto? Planeje bem a viagem

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Marcela Munhoz

Turista profissional fica com um olho no roteiro e outro, bem mais atento, na cotação do dólar. Desde que a moeda norte-americana começou a variar (o dólar turismo encerrou ontem em R$ 3,25), os viajantes têm repensado como poderão aproveitar o tão sonhado descanso sem acionar o alerta vermelho no banco. Os que já compraram os pacotes estão criando alternativas para economizar na alimentação e compras; os que ainda não fecharam, estão olhando novamente o mapa e descobrindo novos roteiros na América do Sul e no Brasil. Ainda é a minoria quem, simplesmente, desistiu de embarcar.

Embora números apontem queda de até 40% nas vendas das agências de turismo, muita gente mantém os planos de viagem, incluindo as internacionais. Luiz Felipe Moraes, 34 anos, aproveitou oportunidade que surgiu no fim do ano e fechou pacote para Miami e Bahamas para abril. “Na época, o dólar estava a R$ 2,50. A passagem e a estadia foram pagas, o cruzeiro para Bahamas foi parcelado. Mas o ideal é, sempre que puder, pagar à vista com desconto”, conta o desenvolvedor de softwares de gestão, que chegou a cotar viagem para famoso parque aquático no Brasil e constatou que o valor não seria tão diferente do que ele vai gastar fora do País. Com o dólar alto, o plano de Luiz Felipe é economizar nas compras. “O que for entretenimento (passeios), vou manter no planejamento. Vou cortar nos eletrônicos mesmo. Melhor acumular experiências do que coisas.”

Segundo Mauro Calil, especialista em finanças, tanto faz viajar agora ou daqui um ano. O dólar alto deve durar. A aposta de cerca de 100 instituições financeiras consultadas pelo Banco Central na pesquisa semanal Focus é que a moeda norte-americana encerre o ano que vem cotada a R$ 2,70 para a venda. “A previsão é variar de estabilidade para aumento e não voltará a níveis mais baixos do que já está. Portanto, recomendo que, quem for viajar, compre dólar o mais rápido possível”, sugere. Calil também alerta para o preço do euro. “O euro não subiu tanto, porém, ele deve – cedo ou tarde – recuperar o tempo perdido”. A dica, portanto, é planejar. Foi o que fez Douglas Bernardo Cunha, 32. Dia 20 ele embarca com a mulher para Cuba. “Nosso planejamento começou a ser executado há seis meses e fomos pagando aos poucos. Com isso, não sentimos tanto a alta do dólar. Quando aconteceu claro que não gostamos, mas os danos foram pequenos, pois muita coisa já estava paga”, conta.

Brasil ganha mais turistas - Aproveitando a situação do dólar, o Ministério do Turismo intensificou estratégias de estímulo ao mercado doméstico. De acordo com o último boletim de Sondagem do Consumidor, divulgado ontem pelo órgão, a intenção de viajar dentro do País passou de 67,8% em fevereiro de 2014 para 73,2% em fevereiro de 2015.

O Ministério destaca também os seis feriados prolongados que o Brasil terá em 2015 e aposta no aumento do mercado interno de turismo. A projeção é de movimentação financeira estimada em R$ 18,66 bilhões em todo o País, com acréscimo de R$ 10,9 milhões de viagens domésticas. O impacto econômico dos seis feriados nacionais para o turismo no Estado de São Paulo será de cerca de R$ 2,2 bilhões, resultado da realização de 2 milhões de viagens domésticas com destino às cidades paulistas.

Por outro lado, de acordo com pesquisa realizada por site especializado (Melhores Destinos) com 17 mil leitores, nem a alta da moeda norte-americana justifica a troca por destinos nacionais. De acordo com estudo, 49,1% pretendem continuar viajando para fora do País, mas admitem que terão de reduzir as viagens ou optar por destinos mais baratos. Entre as justificativas, estão o custo-benefício (alto preço das passagens, hospedagem, alimentação e passeios), além da falta de segurança e condição das estradas e aeroportos.

E AS COMPANHIAS?
De acordo com Eduardo Martins, da agência Keep Company, o que está acontecendo é que as companhias aéreas estão se esforçando para colocar seus voos em promoção, compensando a alta. “Os hotéis também estão reduzindo o valor de hospedagem”, garante. A CVC criou alternativas para diminuir o valor final da viagem para o consumidor. Segundo a empresa, eles vêm trabalhando com câmbio reduzido há mais de três anos. Ontem, o dólar foi cotado por eles a R$ 2,79 e o euro a R$ 3,03.


DICAS PARA NÃO CANCELAR A VIAGEM MESMO COM O DÓLAR ALTO

1 – Planejamento é a chave de tudo. Comece a pensar na viagem com meses de antecedência. Durante o processo, analise o destino (liste algumas alternativas), o que quer fazer por lá, quanto custa a passagem, a hospedagem, o traslado, os passeios e o quanto vai gastar na alimentação e, especialmente, se vale a pena fazer compras. Ás vezes, no fim das contas, não é nem preciso trocar o sonho do destino internacional.

2 - Faça uma tabela e inicie as cotações. Pesquise, ao menos, três opções de agências de viagem, passagens e hotéis. Os sites ''comparadores de preços'' ajudam nesta busca. Tente barganhar o máximo que conseguir. Quanto mais tempo você tiver, melhor são as negociações.

3 – Se puder optar, tente restringir o número de destinos. Quanto mais deslocamentos, mais alto o custo. Outra questão a ser observada é o tempo em cada local. Aproveite um único destino por mais dias. Quanto mais pressa, mais dinheiro gasto em táxi. Vá com calma e experimente o transporte público, conheça os restaurantes locais, opte por alugar um apartamento. Em relação à alimentação, escolha os que já oferecem o máximo de refeições possível.

4 – Quando o assunto é taxa de câmbio, analise com cuidado. Cote em, ao menos, três casas. Cada centavo de desconto faz toda a diferença. De acordo com o especialista em finanças Mauro Calil, o ideal é comprar o máximo de moeda que puder e o quanto antes.

5 - Fuja do cartão de crédito, pois não se sabe em qual valor o dólar será convertido quando a fatura chegar. O ideal é levar cartão dinheiro em espécie ou os cartões pré-pagos. Qualquer agência de viagem ou casa de câmbio pode informar como funcionam. Não esqueça de levar um cartão de crédito internacional e desbloqueado para emergências.




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