Tom Jobim com cheiro de roça

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Vinícius Castelli

Respeito, cuidado e amor ao trabalho realizado. Tudo isso misturado ao resgate cultural de um dos maiores compositores que o Brasil já viu, Tom Jobim (1927-1994). É disso que trata o novo álbum da dupla Chitãozinho e Xororó, Tom do Sertão (Universal Music, R$ 21,90, em média).

A ideia surgiu de Xororó, que disse a Chitãozinho que um dia poderiam gravar um disco com obras de Jobim. Tempos depois, Chitão sugeriu o nome Tom do Sertão e tudo começou. A obra é ilustrada por 14 composições, escolha fruto de pesquisa com mais de 300 canções apresentadas pelo produtor Ney Marques, que assina a produção ao lado de Edgard Poças e Cláudio Paladini.

Chuva, rio, barro, terra, amor, a lua, o horizonte e até a boiada. Tudo está nas letras das canções. O cardápio do lançamento conta com temas como Águas de Março, Estrada Branca, Chovendo na Roseira, Chega de Saudade e Se é Por Falta de Adeus, entre outras. “As músicas tinham que ter algo com o nome do disco e, para nossa surpresa, descobrimos que o Tom era mais sertanejo do que pensávamos”, diz Xororó, que vem escutando a obra de Jobim há tempos.

Xororó conta que trabalhar as músicas do artista foi um desafio pessoal. Chitãozinho emenda que é um passo de muita responsabilidade na carreira da dupla. “Não é fácil. O maior desafio foi para fazer a segunda voz”, afirma. A estrutura das canções foi fielmente respeitada, assim como as notas vocais, estudadas a partir dos songbooks (livro com as partituras) de cada composição. Xororó cantou 99,9% delas como descritas no livro.

Chitãozinho e Xororó promovem sua leitura da obra de Tom Jobim, que ganha cheiro de roça no lançamento. As músicas ficam belas, saborosas. Faixas como Modinha – assinada ao lado de Vinicius de Moraes – ganham arranjos com ‘jeitão’ caipiras e ricos com viola de dez cordas, bandolim, violão, piano e acordeon. O disco traz ainda o som de instrumentos como flauta e percussão, violoncelo, entre outros. Os maestros Lucas Lima e Ruriá Duprat (sobrinho de Rogério Duprat) ajudam nos arranjos de cordas.

“Tom é o cara mais reconhecido da música brasileira”, diz Chitãozinho. “É um bom momento para mostrar esse cara fantástico”, completa. Shows virão, mas gravar cancioneiro de outro artista ainda não passa pela cabeça deles. Chitão brinca que ficaria muito bom um disco com o nome ‘Chico do Sertão’ ou ‘Milton do Sertão’.




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