A morte não existe quando se trata de mitos e quando o assunto é reggae o primeiro que vem à cabeça é Robert Nesta Marley, o Bob Marley (1945 –1981). O jamaicano de imagem serena e imensos dreadloks – que faria 70 anos hoje se não tivesse morrido em decorrência de um câncer – tem seu legado difundido por gerações e gerações. Além de ser referência obrigatória para todo músico que se arrisque no reggae, também é bandeira da causa dos pobres e oprimidos, irmandade, igualdade social, preservação ambiental, libertação, resistência e amor universal. “A grandeza de um homem não está na quantidade de riqueza que ele adquire, mas em sua integridade e habilidade de afetar positivamente as pessoas ao redor”. Eis uma das frases célebres de Marley.

Sua breve existência de 36 anos tem ares revolucionários. Bob foi um marco dos anos 1970. Colocou em destaque sem precedentes sua pequena Jamaica, expandindo as fronteiras da música e influenciando os quatro cantos do mundo com sua mensagem de paz e igualdade. “Bob Marley fez a música jamaicana e o reggae mundialmente conhecidos tornando seu país ainda mais famoso como ponto turístico. A nação jamaicana tem muito orgulho de sua figura. Após sua morte, o governo construiu duas estátuas em sua homenagem, além de anualmente dedicar o mês de fevereiro ao reggae”, diz ao Diário, a ministra conselheira da Embaixada da Jamaica, Desreine A. Taylor.

Junto da banda The Wailers vendeu mais de 250 milhões de álbuns, ganhando status de recordista ao lado de Beatles e Michael Jackson. “Bob Marley foi um compositor central do século 20 – no mesmo nível de outros gigantes, como Lennon, McCartney, Dylan e Hendrix. Há em sua música uma mensagem extremamente política e poética. Essa mensagem não pode ser extirpada de suas canções. Suas composições não são decorações sonoras de festa de debutante. São consideradas peças da existência, raridades”, analisa o escritor e poeta Fabiano Calixto.

A influência do cantor é onipresente para todas as bandas de reggae e o grupo Mato Seco, de São Caetano, não é exceção. Eles promoveram em 2014 o evento Marley Experience, com a proposta de interpretar a obra deixada pelo cantor da forma mais original possível. A banda fez show com Julian Marley, um dos herdeiros de Bob e com o The Wailers. “Foi muito gratificante dividir o palco com os músicos que tocaram lado a lado do Rei e, melhor ainda, foi o convívio nos bastidores. Fomos bem recebidos por todos, foi uma grande celebração. Bob Marley foi um dos músicos mais influentes do mundo e seu legado tem se mostrado eterno. Até hoje é o maior representante do reggae de todos os tempos. É, sem dúvidas, a maior referência e nossa maior fonte de inspiração para composições e carreira”, contou a banda.

As comemorações em sua terra natal acontecerão hoje em museu que leva seu nome, na cidade jamaicana de St. Andrew. Um simpósio vai debater as influências do artista no reggae, moda e economia do país. De porte grandioso, um musical dirigido e escrito por Kwame Kwei-Armah, com data de estreia prevista para maio, em Nova York, irá retratar o período em que Marley se exilou por vontade própria em Londres, após sofrer atentado durante ensaio na Jamaica em 1976. No repertório do musical estão Exodus e Rastaman Vibration, compostas durante o exílio Também está previsto o lançamento de Easy Skanking, CD/DVD de Bob e o The Wailers gravado em 1978 em Boston, nos Estados Unidos. É a primeira vez que a família Marley concede à uma gravadora Universal acesso ao arquivo privado do cantor.

Shows com homenagens ao cantor acontecem amanhã - Amanhã, a Maratona Encontro das Tribos traz shows de artistas que vão celebrar o legado de Bob Marley no Estância Alto da Serra (Estrada Névio Carlone, Riacho Grande. Tel.: 4101-5000), em São Bernardo. “Faremos covers do rei em homenagem ao aniversário de 70 anos. Acreditamos que o reggae em si já é uma homenagem a ele. O legal é o público diversificado, pessoas de vários estilos que vão em busca da oportunidade de prestigiar todos esses artistas no mesmo dia, vai ser grandioso”, comenta o grupo Filosofia Reggae, um dos convidados da noite. Os portões serão abertos às 21h e os ingressos, que custam entre R$ 100,00 (pista) e R$ 1.000 (camarote), estão disponíveis no site Ticket 360 (www.ticket360.com.br). Dentre as atrações estão Rael da Rima, Armandinho, Planta&Raiz, Filosofia Reggae, Haikaiss, além de Circuladô de Fulô, Rastapé, Chama Chuva, Peixelétrico, Ó do Forró, Maneva e Felipe Ret.