Hora de reviver contos

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Luís Felipe Soares <br> Do Diário do Grande ABC

Remexer nos contos de fadas tem sido um prato cheio para Hollywood. Depois de tornar icônicas tantas histórias e personagens em produções com atores reais ou animações, os estúdios tentam deixar tudo mais moderno nos últimos anos, como visto em Branca de Neve e o Caçador (2012) e Malévola (2014). É buscando referências em um musical da Broadway dos anos 1980 que os estúdios Disney bagunçam um pouco mais essas histórias infantis em Caminhos da Floresta, com cópias espalhadas pelo Grande ABC e São Paulo (veja mais na página 3). Entre brincadeiras e as mensagens a serem passadas para o público infantil, o longa-metragem se perde a não encontrar total coesão entre suas dezenas de elementos mesclados de uma vez.

Trata-se de um projeto que já está na lista da Casa do Mickey há mais de uma década. Rob Marshall, conhecido por comandar a adaptação de sucesso Chicago, foi escalado para transpor a história dos palcos para as telonas. Ele dispõe de elenco estrelado para apresentar a jornada do padeiro e sua mulher (Emily Blunt) atrás do sonho de ter um filho. Mas eles precisam reverter feitiço lançado por uma bruxa (Meryl Streep, com talento de sobra em mais uma atuação que lhe rendeu indicação ao Oscar, porém longe de interpretações de ponta) e conseguir alguns itens especiais necessários. A busca faz com que os protagonistas tenham seus caminhos ligados à Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, João (de João e o Pé de Feijão) e Rapunzel, entre outros. Para quem conhece Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare, a fórmula para amarrar os encontros é similar.

Ao invés de reforçar as figuras que todos conhecem, o título aponta questões que antes poderiam servir apenas de piada para os mais adultos. Medo de comprometimento e príncipes mulherengos são apenas alguns pontos levantados, todos com sarcasmo o bastante para gerar risos nos espectadores mais velhos – mas passando longe das tiradas certeiras dos dois primeiros capítulos de franquia Shrek. Até mesmo a fotografia ajuda a criar um clima menos alegre, com ar soturno em muitos momentos na floresta e cores menos vivas do que o convencional em um filme familiar.

O ritmo da história flui até certo momento, no qual se imagina que tudo será encerrado mesmo com muitos pontos em aberto. Talvez o erro de Caminhos da Floresta é não ter tido um trabalho melhor de adaptação. A dinâmica ainda parece presa ao que ocorre em um palco, não pensando no resultado para o cinema. Claro que o visual tem tudo o que de melhor a Disney pode apresentar, porém tudo acaba ficando cansativo para jovens e adultos. Assim como mais uma interpretação sem sal de Johnny Depp como Lobo Mau, o longa-metragem carece de certa inspiração que nem mesmo as magias da floresta podem sustentar até o fim.
 
 




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