Bastidores do Jornal da Cultura

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Raija Camargo

 Esqueça o velho formato de jornal televisivo em que o apresentador lê notícias e o telespectador assume papel passivo. O Jornal da Cultura, comandado por William Corrêa, aposta em fórmula, cuja audiência tem participação direta nos debates e pautas. O âncora abre o programa – que vai ao ar, ao vivo, de segunda a sexta, às 21h – divulgando o número do WhatsApp para que a população possa opinar, comentar e questionar as notícias. Para Corrêa, este tipo de formato é caminho sem volta. “Aumentamos a audiência do Jornal da Cultura e acrescentamos um terço desta audiência por causa das redes sociais.” A média mensal do JC é de 2% de audiência ao dia. No site do telejornal, os internautas são 110 mil e no Facebook, 82 mil. Só no primeiro dia de WhatsApp foram 1.500 inscrições.

A reportagem do Diário acompanhou a rotina da segunda edição do JC. Chegou a tempo para ver a produção ajeitar os últimos detalhes. Além da participação do público, dois convidados comentam e discutem as informações do dia. As ciclofaixas de São Paulo foram um dos assuntos abordados na ocasião. O comentarista Marco Villa fez dura crítica. “Não há planejamento. Só na Avenida Paulista a construção da ciclovia vai demorar seis meses. Se o prefeito fosse o presidente do Brasil, Brasília – que o JK construiu em 3 anos e meio – levaria 30 anos”, repercutiu.

O telejornal opinativo não é comum nas grandes emissoras por certo receio de conflito entre o posicionamento do apresentador e a linha editorial da empresa, especialmente em programas ao vivo. “Se a gente for pensar qual jornal pratica esse jeito de fazer jornalismo, é só o do Boris Casoy. O restante comenta: ‘Ai, que pena, ai que triste’, sem um detalhamento, sem posicionamento independente. Aqui faço mediação com meus comentaristas, coloco os dois lados da notícia. Por isso, essa fórmula se torna interessante. Você assiste e não sabe qual linha editorial tomamos”, reflete Corrêa.

A participação do público vem crescendo tanto que a emissora estuda a possibilidade de fazer programa semanal de debate após o jornal. No piloto, já gravado, os debatedores e o âncora receberam dez convidados – internautas ativos nos debates digitais – para aprofundar a principal discussão da noite. “Trata-se de uma característica da Fundação Padre Anchieta, porque em outros Estados do País, as televisões educativas e culturais são controladas pelos governadores. São espécie de ‘A Voz do Brasil’. Essa relação que temos com o telespectador é interessante. Ele participa por meio das redes sociais, criando fundamental interatividade. O Jornal da Cultura, neste sentido, é uma revolução em relação aos outros telejornais. O jornalista fala a notícia e faz, no máximo, um comentário de 30 segundos. Aqui não. Aqui permitimos a reflexão. A notícia pela notícia não é nada sem a reflexão”, finaliza o convidado Marco Villla.




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