‘Até Que a Sbórnia Nos Separe’ chega ao circuito

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Luís Felipe Soares

 O espetáculo gaúcho Tangos e Tragédias marcou época no teatro musical brasileiro, do qual fez parte durante 30 anos até 2014. A turnê, que não parecia ter fim, foi encerrada com a morte de Nelson Nicolaiewsky, o Nico, em fevereiro, e seu parceiro Hique Gomez ficou sozinho. Tratava-se de projeto gaúcho que abusava do bom humor para unir duas linguagens no palco, com encenações e trilha sonora executadas ao vivo pelos então personagens Kraunus Sang e maestro Plestkaya. O último capítulo da carreira da dupla chega aos cinemas de São Paulo com a animação Até Que a Sbórnia Nos Separe, com passagens por festivais e mostras especiais desde 2013 até a estreia no circuito comercial.

Mas não espere nas telonas as mesmas performances apresentadas nos palcos. Claro que as cenas dos amigos tocando violino e acordeão aparecem, mas a divertida trama os coloca como representantes da cultura da Sbórnia, minúsculo país ligado ao Brasil, mas que é separado do restante do mundo por um enorme muro. A série de confusões começa na medida em que a queda da lendária construção faz com que a pequena e rústica comunidade conheça o mundo moderno. Como não poderia ser diferente para quem sabe do trabalho da dupla de atores gaúchos, as complicações amorosas envolvendo Pletskaya são responsáveis pelos momentos mais engraçados, incluindo um amor proibido com garota do continente. Trama mais séria envolve Kraunus, homem de família que também se preocupa até que ponto o contato com o que há além da muralha tem sido positivo para o país, uma vez que um grande empresário está de olho em iguaria encontrada somente nos montes sbornianos. As desventuras e todo o drama dos diversos personagens são capazes de render boas risadas.

A direção do longa-metragem fica a cargo de Otto Guerra (da animação Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll), Ennio Torresan Jr., este último conhecido por trabalhar no departamento de animação de títulos internacionais como Madagascar e Kung Fu Panda. Talvez seja na mescla de estilos que Até Que a Sbórnia Nos Separe chame mais a atenção. Acabou-se formando uma dinâmica que conta com influências nacionais, norte-americanas e (por que não?) europeias. Há uma qualidade interessante que muito lembra a passagem de páginas de um livro infantil, com muito jogo de luzes coloridos e outros apostando em tons mais escuros.

Destaque para a dublagem realizada pelo elenco de Tangos e Tragédias. Os atores parecem ainda mais dramáticos e cômicos, caindo muito bem com a proposta do filme. O que temos em cena são as ideias e todo o conceito trabalhados pelo espetáculo em suas três décadas de estrada. É bonita (e divertida) oportunidade para fechar um ciclo de humor.

Até Que a Sbórnia Nos Separe está em cartaz no Playarte Bristol (Avenida Paulista, 2.064. Tel.: 5053-6996) e no Espaço Itaú – Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569. Tel.: 3472-2359).




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