Linguagens a favor do poder da discussão

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Luís Felipe Soares

Uma das maiores mentes da história da Rússia serve de inspiração para a agenda do Sesc Santo André. É na figura do escritor Leon Trotsky (1879-1940), um dos principais intelectuais envolvidos na Revolução de Outubro de 1917 – determinante para o fim do czarismo russo –, que os estudos do Nucleozonaautonoma se concentraram nos últimos cinco anos. As ideias do coletivo lideram as ações da Maratona Trotsky, que passeia por linguagens como teatro, música e cinema em série de atividades especiais. Trata-se de ação dentro do projeto ABCena, montado a partir de produções cênicas realizadas na região.

“O Trotsky veio mais como um pretexto. Lógico que estudamos bastante sua história e obra. O que ficou foi essa figura, que sofreu grande conspiração por sua morte ao passar quase 20 anos fugindo do (Josef) Stalin (ex-ditador da União Soviética). Pegamos a ideia de que seria essa figura foragida e qual seria a conspiração contra ele agora, onde parece haver quase nenhum espaço para idealistas revolucionários”, explica Marcio Castro, integrante do grupo local.

A programação começa amanhã e segue até 27 de fevereiro, com atrações pagas e gratuitas para todo o público (veja abaixo). Os eventos são recomendados para maiores de 16 anos. O carro-chefe é o espetáculo Trotsky – Peça Para Televisores e Não Televisores, em cartaz nas noites de sexta-feira, às 21h, a partir desta semana. Os ingressos custam entre R$ 5 e R$ 17.

Em cena, a segunda peça do Nucleozonaautonoma coloca o icônico personagem russo como protagonista de um seriado policial norte-americano. O conto parece se desenvolver para encontrar os culpados de sua morte, mas o texto vai além. “Queremos discutir nosso pensamento de vida, o que nos leva a tomar certas atitudes e a seguir nossos rumos. Em um formato como o de uma série, não existem discussões revolucionárias. Há um paralelo com o mundo ao nosso redor”, analisa o andreense, que divide a concepção, dramaturgia, direção e atuação com Talita Talissa. “A peça tem dinâmica muito potente, quase uma metralhadora de informações. Temos uma postura bem coerente e isso chama o debate.”

Responsável pela trilha sonora ao vivo da peça, o Triotsky mostra talento ao tentar acompanhar os acontecimentos da trama. A banda instrumental abusa da improvisação e de experimentações ao mesclar rock e música pop, incluindo trechos de grandes sucessos, em sua performance. Um filme especialmente elaborado para o espetáculo é exibido durante a sessão. “É um diálogo constante entre teatro, cinema e música. Tudo tem que andar junto. Há uma experiência nova sempre.”

Oficinas aproveitam essa união de linguagens artísticas para oferecer encontros dos articuladores do projeto com o público interessado. Todas as aulas têm entrada franca, com as inscrições sendo realizadas no local com 30 minutos de antecedência. A maratona de ideias vai começar.

SELECIONADOS
MARATONA TROTSKY NO SESC SANTO ANDRÉ
(Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200)

Amanhã a 27 de fevereiro; sextas, às 21h
Trotsky – Peça Para Televisores e Não Televisores (teatro)

Amanhã, às 20h
Banda Triotsky (música)
Amanhã a 27 de fevereiro; sextas, às 20h
Ocupação Antessala Maratona Trotkssy (literatura)

Dia 20, às 20h
Tamarutaca Guarulhos Corredores da Periferia (cinema)

OFICINAS
Dia 28, às 19h
Improvisação Livre e (Des)construção Musical (música)

Dia 4, às 19h
Produção Audiovisual de Resistência – Questões Técnicas e Estéticas Para Um Possível Cinema de Quebrada
(cinema)

Dia 11, às 19h
Performance Audiovisual em Tempo Real (cinema)

Dia 25 de fevereiro, às 19h
Teatro, Performance e Intervenção (teatro)




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