85 anos de música

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Richard Molina/Especial para o Diário

A história de Mauá se confunde um pouco com a da Corporação Musical Lyra, a ‘Banda Lyra’ de Mauá, como é conhecida. Hoje o grupo completa 85 anos de existência e, ao longo de todo esse tempo, acumula histórias, reconhecimentos e muitas lutas.

Fundada em 1934, a corporação viu a cidade crescer, mudar e se emancipar. Na época, Mauá ainda era um distrito de Santo André. Nesse período, a Lyra ajudou e ensinou centenas de crianças. Prova disso é o atual maestro, Marim Meira, 38, que começou jovem no espaço, a exemplo de seu pai, que também foi aluno e músico da companhia.

“Cheguei na banda no meio da década de 1980, logo no primeiro ano da escola. Ao mesmo tempo que aprendi a ler, estava aprendendo as notas musicais”, conta. Profissionalizado na Escola Municipal de Música de São Paulo, o trombonista disse que com o passar do tempo já dava aulas na Lyra. “Em 2002 assumi a regência do grupo. Em 2009 fiz uma pausa e voltei ano passado.”
<EM>Hoje a Banda Lyra tem por volta de 110 componentes de 12 a 30 anos, entre músicos, corpo coreográfico, pelotão cívico e ginastas. Todos ensaiam no espaço durante a semana, individualmente ou por naipes (conjuntos de um mesmo instrumento), e se reúnem aos domingos para o ensaio geral. O grupo poderia ser maior, não fosse a falta de recursos.

“Seria provavelmente o dobro, ou até mais”, estima Marim. “Pensamos não só na banda, mas em viabilizar uma escola de música, um polo de artes mesmo.” E a tradição parece ser uma constante nesse caminho imaginado. “Tenho exemplos aqui de pais que tocam do lado dos filhos, ou então o pai que participou da banda, hoje é diretor e o filho toca na banda. São essas pessoas que fazem a banda continuar.”

A corporação musical funciona apenas com incentivos privados, patrocínios de empresas do polo industrial de Mauá e algumas de fora, o que gera um orçamento bem justo. Não foi sempre assim. A Prefeitura de Mauá já fez uma parceria com a entidade em um projeto de Música nas Escolas. “A banda entrava com os profissionais, lecionando nas escolas e a Prefeitura contribuía com uma verba financeira, o que nos dava uma sobrevida para viabilizar o projeto”, disse o músico. O apoio acabou em 2014.

Parte da vivência inclui também incentivar e celebrar o ingresso dos músicos da Lyra em outras instituições. Os alunos trazem essa experiência profissionalizante de espaços como o Instituto Baccarelli, em São Paulo, e a repassam para os colegas da banda.

O maestro Marim avalia a sua contribuição com o projeto. “Ao mesmo tempo que me enche de orgulho, também é uma responsabilidade muito grande estar à frente de uma entidade desse porte, que representa tanto não só no município como no País. São muitas pessoas envolvidas. Me emociona muito quando um aluno vem me contar que foi aprovado em algum grupo profissional, ver um integrante da banda se realizando.”

O próximo compromisso da Banda Lyra é a 50ª edição do Festival de Inverno de Campos do Jordão. O grupo vai se apresentar no dia 21 de julho, às 11h, na Praça do Capivari. Acesso gratuito. 




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