Toda a arte do MASP

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Andréa Ciaffone

O grande vão que abre uma janela entre a Avenida Paulista e o Centro velho de São Paulo é, certamente, o trabalho mais conhecido do enorme acervo do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). Graças ao projeto da arquiteta Lina Bo Bardi (veja mais ao lado), o próprio prédio é uma obra de arte e também moldura para a beleza da Capital.
 
A paixão com que o museu se entrega faz com que seja um dos endereços mais queridos da cidade e extrapole sua função de lar de mais de 8.000 obras de arte do século 13 em diante e seja percebido como espaço de liberdade de expressão.
 
Enquanto o quadro As Meninas, de Pierre-Auguste Renoir, encanta preso à parede, junto à calçada as pessoas se agitam em manifestações políticas, compram badulaques de ambulantes, expressam carinho em beijos apaixonados ou simplesmente passam apressadas, mas sempre com a sensação de serem privilegiadas simplesmente por estar ali.
 
Inaugurado em 2 de outubro de 1947 pelo empresário de comunicação Assis Chateaubriand, foi dirigido desde sua concepção pelo jornalista e crítico de arte italiano Pietro Maria Bardi, que selecionou pessoalmente boa parte do acervo em dezenas de viagens à Europa durante o pós-guerra.
 
O grande destaque é para pinturas ocidentais, principalmente italianas e francesas, de gênios como Rafael e Botticceli – da escola italiana – e Monet e Matisse – da chamada ‘escola de Paris’. Entre os latino-americanos, chama a atenção o muralista mexicano Diego Rivera. Quando se trata de artistas brasileiros, o elenco inclui geniais como Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Almeida Junior.
 
Por outro lado, a coleção de esculturas emociona e inclui bronzes de Auguste Rodin e obras de Victor Brecheret e a coleção completa de 73 esculturas de Degas – privilégio que só é possível ter em São Paulo, Nova York e Paris.
Hoje, o Masp é considerado o mais importante museu de arte ocidental do Hemisfério Sul e faz parte do distinto ‘Clube dos 19’, do qual participam apenas os museus que possuem os acervos de arte europeia mais representativos do século 19, como Museu d’Orsay de Paris, Metropolitan Museum de Nova York e o Van Gogh Museum de Amsterdã.
 
Desde o dia 20, o local conta com o projeto Masp em Processo, no qual o primeiro andar e o subsolo recebem itens referentes à pesquisa e ao redescobrimento da arquitetura do equipamento cultural. Famosos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi devem reaparecer no local a partir do segundo semestre de 2015.
 
O Masp (Av. Paulista, 1.578. Tel.: 3251-5644) fica aberto de terça a domingo, das 10h às 18h, com a visitação às quintas indo até as 20h. Os ingressos custam R$ 25, com entrada franca às terças para todo o público.
 
Lina Bo Bardi fez do desafio um belo ícone da arquitetura
 
Lina Bo Bardi (1914-1992), além de talentosa arquiteta, era uma mulher à frente do seu tempo. Se estivesse viva, teria completado 100 anos dia 5 de dezembro. Mesmo centenária, continuaria vanguardista.
Nascida em Roma, na Itália, ela adotou o Brasil como pátria e foi responsável pela criação e disseminação de conceitos arquitetônicos pós-modernistas que mudaram para sempre o visual da cidade.
 
No caso específico do Masp, entretanto, a ideia do vão livre de 74 metros não foi uma inspiração aleatória. O proprietário do terreno onde o museu foi construído estabeleceu como condição para doá-lo que a vista para o Centro da cidade pelo vale da Avenida 9 de Julho e para a Serra da Cantareira teria de ser preservada. O desafio era tão grande quanto o vão. Assim, foram necessários 12 anos de trabalho entre projeto e supervisão da construção. Sua inauguração oficial foi em 1968, com a ilustre presença da Rainha Elizabeth II, da Inglaterra, e de autoridades e artistas.
 
Entretanto, as colunas laterais só foram pintadas de vermelho conforme o projeto original previa na década de 1990, quando o museu fez 40 anos. Hoje, o edifício tem 11 mil metros quadrados divididos em cinco pavimentos.

A forma de expor as obras por meio de galerias de vidro também foi idealizada por Lina, que realizou projetos em várias partes do mundo, mas, junto com o marido, Pietro Maria Bardi, adotou São Paulo e o Masp como lar. 




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