Terra Média em tom de despedida

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Luís Felipe Soares

Os dias da Terra Média nos cinemas parecem estar contados. Após apresentar esse universo fantástico para o grande público por meio da saga O Senhor dos Anéis, o diretor Peter Jackson voltou a trabalhar com a obra de J. R. R. Tolkien na adaptação para as telonas de O Hobbit. Mesmo o livro não sendo tão grosso quanto possa se imaginar, o projeto se transformou em trilogia cuja última parte toma os cinemas brasileiros com cópias convencionais, em 3D e com versões em HFR 3D (High Frame Rate 3D), no qual as filmagens em 48 frames por segundo elevam o patamar de alta definição.
 
É no adeus ao trabalho de Tolkien que Jackson parece ainda estar muito ligado aos grandes conflitos que chamaram a atenção do público na saga anterior. Não à toa o título original Lá e De Volta Outra Vez foi substituído por A Batalha dos Cinco Exércitos. A ideia é fazer com que a aventura atual soe mais empolgante e tão épica quanto a jornada de Frodo e o Um Anel.
 
Para quem não acompanhou os acontecimentos anteriores, grupo de anões comandados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage, que esteve no Brasil para divulgar o longa-metragem – veja mais ao lado) viaja pela Terra Média na companhia inesperada do hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) a fim de reaver tesouro que está nas mãos do dragão Smaug. A perigosa criatura é o grande vilão da história, sendo que o embate com os heróis foi iniciado no capítulo anterior (A Desolação de Smaug) e é finalizado somente agora. Trata-se de um clímax logo nos 20 minutos iniciais, com o melhor que os efeitos visuais podem oferecer ao público, incluindo o dragão mais perfeito já visto no cinema.
 
O desafio de Peter Jackson passa a ser as quase três horas restantes. As poucas páginas que tratam da batalha anunciada no cartaz são alongadas ao máximo na tela, com a criação de tensões maiores do que apresentadas no livro. Claro que a adaptação de uma obra literária quase nunca supera o conto original, mas a impressão que fica é que há pouco a se resolver no meio de tanta desconfiança entre homens, elfos, anões e orcs na briga pelos tesouros da Montanha Solitária.
 
As cenas de guerra são grandiosas como esperado, com personagens mostrando ao máximo suas habilidades, caso do elfo Legolas (Orlando Bloom) e toda sua sagacidade muito acima da média. Os melhores momentos ficam por conta da alteração de personalidade de Thorin, agora tomado pela maldição do tesouro e cego diante de uma inesperada ambição. Em meio ao ataque de inimigos ao local, as conversas do personagem com Bilbo revelam um anão desconfiado e longe do apreço pelos amigos demonstrado até então. A metáfora do chão de ouro que o começa a engolir traduz bem seu momento.
 

O show visual do projeto O Hobbit poderia ter sido finalizado com apenas dois filmes. Mas a Terra Média e Peter Jackson parecem querer mais em sua despedida. 




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