Sabrina Sato

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Miriam Gimenes

A Última Samurai

Sabrina Sato não foge do trabalho. Pelo contrário: quer sempre mais. Isso não a impede de ser a mesma menina que entrou na televisão e na casa dos brasileiros pelo ‘Big Brother Brasil’ há uma década

 Foto: Divulgação

Código Samurai, conhecido como Bushido, ainda sobrevive na atual sociedade japonesa. Escrito entre os séculos 9 e 12, ele rege a conduta de vida de um ‘guerreiro’ e, entre suas determinações, está a obediência dos quatro Gs (Giri, Gisei, Gaman e Gambaru). O primeiro pede obrigação, dever e justiça, o segundo sacrifício, gaman corresponde à tolerância e à perseverança e, o quarto, esforço e persistência. Basta fazer uma analogia entre estas doutrinas e a história da modelo e apresentadora Sabrina Sato, 33, para ver que ela não herdou de seus antepassados – o avô materno, Sadao Sato, veio do Japão em 1931 –  apenas os olhos puxados. Corre em suas veias o sangue de uma legítima samurai, que saiu de Penápolis ainda adolescente com o sonho de trabalhar na TV. Neste ano, conquistou, enfim, o programa solo que leva seu nome na Rede Record e que é vice-líder isolado de audiência nas noites de sábado. “Tem de ter coragem para ir atrás dos sonhos, se reinventar. E coragem eu tenho de sobra.”
Não restam dúvidas. A garota que mandou uma fita a contragosto da família para pedir a chance de parti cipar do Big Brother Brasil 3 (2003), diz ter muito orgulho de sua trajetória. “Eu fiz tudo com verdade, carinho e me diverti muito.” E o que mudou daquela Sabrina que tinha um quê de hippie para a de hoje? “Mudou o cabelo (risos). Na verdade, mudou mais por fora. Por dentro sou a mesma menina, sonhadora, que acredita no amor. Amadureci também (ela começa a cantar ‘eu cresci agora sou mulher’, refrão da música Imortal, da Sandy).” De fato a aparência é outra: hoje, em vez de peças tie-dye, ela veste roupas criadas por estilistas famosos, entre eles Patricia Bonaldi, Martha Medeiros, Tufi Duek, Alexandre Herchcovitch e Reinaldo Lourenço, mas a gargalhada – e inocência – que conquistou o Brasil continua a mesma.
Antes de entrar no reality, Sabrina já havia sido bailarina do Faustão. Formou-se em balé clássico e estudou dança na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para aumentar a renda e conseguir sustentar-se na Cidade Maravilhosa, trabalhou como modelo pela Mega Models. Arriscou também uma ponta na novela Porto dos Milagres, em 2001, mas foi em 2003 que a maior chance da sua vida apareceu e ela agarrou, com a perseverança que toda ‘guerreira’ tem de ter. “Sempre quis, desde criança, trabalhar com comunicação. Tenho vídeos me apresentando desde os 3 anos de idade”, lembra. Assim que saiu do BBB, surgiram duas oportunidades: participar da novela A Cor do Pecado ou ser efetivada no programa Pânico na TV (e rádio). Ela ficou com a segunda opção e não se arrepende.
Foi no programa dominical que ganhou o público com a sua personagem ‘burra’, mas que conseguiu, como poucas, deixar os políticos em Brasília sem ter o que dizer. Que arrancou risos do cantor Justin Bieber com seu inglês deficitário e uma lambida do vocalista do Kiss, Gene Simmons. E lá se foram dez anos e meio. Agora, resolveu dar voos maiores. “Não tinha mais o que fazer no Pânico. Sou muito grata a eles, mas precisava buscar algo a mais e era isso (programa) que eu buscava. A minha vida  vai ser sempre assim, tanto pessoal quanto profissional: aprender, buscar o novo, conhecer e mudar sempre, sem perder a essência.”
A sua saída não foi das mais fáceis. Antonio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha, criador do programa, disse à época para a Rádio Jovem Pan: ‘Nunca imaginaríamos que a Sabrina fosse sair pela porta dos fundos’. Era dezembro de 2013 e a apresentadora ficou bastante abalada com a resistência dos colegas. Tanto que as festas de fim de ano foram regadas às lágrimas. “Era quase como quando você vai sair de casa: tem um pouco de medo de ficar longe dos pais, de insegurança. Era uma família, eram como irmãos para mim, é natural esse distanciamento no início. Mas hoje já converso com a maioria e acho que torcem por mim.” E, passados quase seis meses do início de seu voo solo, o saldo é positivo. Não tinha como ser diferente. Afinal, como diz trecho do tal código, ‘quando um samurai diz que fará algo, é como se já o tivesse feito. Nada nesta Terra o deterá na realização do que disse que fará’.

DONA DE SUA PINTA
No dia em que fez sua estreia como apresentadora, Sabrina parecia receosa. Disse que a primeira gravação, que teria de durar quatro horas, foi concluída em 12. “Vou me lhorar com o tempo”, prometeu. E, pelos números, parece que cumpriu. No mês de outubro, o Programa da Sabrina fechou com média de 6,3 pontos de audiência na Grande São Paulo, 56% a mais que a terceira colocada. “Estou muito feliz, porque acho que, além do meu trabalho me permitir aprender sempre, faço matérias legais, conheço outras pessoas. Isso está correspondendo na aceitação e carinho do público. A audiência está aí para provar.” Sabrina diz que a maioria das gravadoras não libera cantores em alta para participarem de programas com menos de três meses no ar e com o seu foi diferente. Desde o primeiro, no qual Anitta se apresentou, ela tem levado grandes nomes.
E não é só seu talento e prestígio que contam nessas horas. A torcida pela ‘japonesa’, como é chamada carinhosamente, é grande. No mesmo dia 26 de abril, as redes sociais dos famosos eram unânimes em desejar boa sorte à apresentadora. Um dos felicitadores era o amigo e maquiador Fernando Torquatto. “Não tem como não desejar tudo de melhor para ela, que é dona de uma personalidade, uma luz, que é inigualável. Sabrina é dona de  um carisma que pouca gente tem. Ela é muito especial. Sem dúvida, tudo que deu certo em sua vida é merecido”, elogia. Torquatto lembra que a conheceu há uns oito anos, durante um Carnaval em Salvador. E ressalta: ela não mudou em nada. É a mesma garota de personalidade fácil, divertida, simples que conheceu em cima de um trio elétrico. “A gente estava tão feliz de estar lá, tudo era tão novo que pulávamos como crianças. É um episódio que guardo com muito carinho dela.”
Sabrina fica feliz com a receptividade de todos, mas não só dos famosos. “Me senti amada, amparada, principalmente pela imprensa. Era um momento que sofri muito (por conta da saída do Pânico) e vejo que  estou até agora com uma família, não estou sozinha.



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