Onças para ver e ouvir

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Andréa Ciaffone <BR> do Diário do Grande ABC

Pense em uma pessoa de 120 kg. Agora imagine esse volume em forma de músculos potentes embrulhados em uma pelagem camuflada e, para finalizar, dentes caninos de mais de 7 centímetros movidos pela mordida mais forte entre os felinos, que chega a 910 kg. Pensou?
Pois antes de resvalar para o medo natural que uma fera como essa é capaz de incutir, sinta o mais puro orgulho ufanista de saber que no Pantanal brasileiro essa maravilha do reino animal – o terceiro maior felino do planeta, depois do tigre asiático e do leão africano – ainda existe e, se tudo der certo, vai viver cada vez melhor.
Uma das iniciativas que pretende melhorar as chances da espécie de ser preservada é o Projeto Onçafari, que vem sendo desenvolvido no Pantanal e tem sua sede dentro do Refúgio Ecológico Caiman. Para o turista, a boa notícia é que esse projeto permite viver a emoção de ver uma onça-pintada a olho nu.
A inspiração para o projeto veio da África, mais precisamente da região de Sabi Sands, no Kruger National Park, onde o caminho para a preservação dos grandes animais foi fazê-los acostumarem-se com o barulho do motor dos veículos que levavam turistas para admirá-los. “A mecânica é simples: com o tempo os animais percebem que o som dos jipes não representa perigo e não se escondem. Isso garante a satisfação do visitante e a sustentabilidade do ecoturismo. “Os ganhos passam a compensar os eventuais prejuízos que a presença de um grande predador pode gerar”, explica a bióloga Lili Rampim, referindo-se ao fato de que, por décadas, as onças do Pantanal foram mortas para evitar que se alimentassem do gado das fazendas, um erro de avaliação.
“Estudando os hábitos das onças sabemos que elas gostam de variar bastante no cardápio encontram muito alimento entre capivaras, jacarés e outros animais da fauna do Pantanal. Quando acontece de abaterem algum bovino, só vão nos indivíduos menores ou mais fracos, Assim, orientamos os fazendeiros da região a misturar os bezerros aos bois crescidos, porque as onças raramente atacam o gado de grande porte”. explica.
Graças à compreensão dos fazendeiros sobre a importância de não matar as onças, o turismo de observação está se desenvolvendo junto com as pesquisas sobre os hábitos da espécie. “Colocamos um colar nas onças, que nos ajuda a monitorar suas andanças pela região e a questão dos territórios de machos e fêmeas”, descreve a bióloga, que se anima ao contar que as fêmeas ensinam seus filhotes que não é preciso temer os jipes de observação.
Um onça fêmea pesa cerca de 85 kg a 95kg e cuida dos seus filhotes até eles serem capazes de caçar sozinhos. Algumas fêmeas continuam por perto da mãe. Pode até acontecer de uma onça dividir a caça com outras fêmeas mas, ao contrário das leoas, elas não caçam para machos adultos, só para seus filhotes. Os machos pesam entre 100 kg e 130 kg e são territorialistas. “Além dos colares, temos ‘armadilhas fotográficas’ que mostram tanto os hábitos quanto os locais onde podemos avistar as onças. A gente reconhece cada um visualmente, por causa do padrão das pintas, que são sempre diferentes, como impressões digitais”, diz Lili, que fala com carinho dos felinos que ganharam nomes como Fantasma, Brutus e Esperança, a mãe de Gaia, Savana e Ypi.
Para os turistas, o projeto oferece diversas opções de passeio, com preços que podem variar de US$ 85 por pessoa a até US$ 1,2 mil para grupos. Muitos dos visitantes são estrangeiros, que aproveitam a pista de pouso do Refúgio Ecológico Caiman para ver de perto essas criaturas deslumbrantes. A iniciativa do Projeto Onçafari é do ex-piloto Mario Haberfeld, que correu durante muitos anos na Europa e Estados Unidos e, inclusive, chegou a ser piloto de teste da Fórmula 1. 

COMO IR
 De avião até Campo Grande, destino operado por Azul, Gol e TAM.
 
ONDE FICAR
 Refúgio Ecológico Caiman, Central de Reservas: Avenida das Nações Unidas, 12.399, 12º andar, Brooklin Paulista – São Paulo, SP, tel.: 3706-1800, site: www.caiman.com.br.
 
QUANDO IR
 O período de julho a setembro é considerado a Alta Estação no Pantanal, porque é a época em que está menos alagado. De setembro em diante chove mais e, conforme as águas tomam conta, os animais se concentram nas áreas secas. 
 
DICAS 
- O uso de repelente de insetos é recomendado em todos os momentos. Uma dica importante é espirrar o spray nas roupas antes de vestí-las. Além de passar o produto em todas as áreas do corpo que ficam à mostra; 
- Uso de roupas casuais e resistentes. Roupas de algodão são mais leves e mais confortáveis do que as sintéticas. No entanto, alguns tecidos sintéticos como tactel são bons, pois possuem secagem rápida, são leves e ocupam pouco espaço na mala. Shorts e camisetas são apropriados para algumas atividades, mas é fundamental levar calças compridas também; 
 
- Leve camisetas de cores claras e mangas compridas, pois protegem contra insetos e o sol. Evite roupas escuras. Cores como preto e azul marinho, que na cidade são tão práticas, no Pantanal acabam atraindo mosquitos;
 
- As cores das roupas mais apropriadas são tons claros (bege, marrom e verde), que não se destacam muito na paisagem e não assustam os animais em ambiente selvagem. Evite tons de cores fortes como amarelas, azuis e vermelhas;
 
- Leve calçados confortáveis, tipo botas de caminhada ou tênis, pelo menos dois pares, uma vez que podem molhar durante as atividades. Na área do hotel, sandálias e chinelos são seguros, sempre lembrando de reaplicar o repelente;
 
- É recomendável uso de óculos escuros com filtro UV, chapéu ou boné nas atividades;
 
- Uma pequena mochila pode ser útil para carregar seus objetos durante os passeios;
 
- Não se esqueça de levar remédios controlados, caso seja usuário, e também de uso habitual. Lembre-se que a viagem é para uma região remota, em que determinados medicamentos podem não ser encontrados;
 
- Lembre-se: há piscinas nas pousadas do Caiman, portanto roupas de banho são recomendáveis;
 
- O Ministério da Saúde não exige, mas recomenda a vacinação contra febre amarela com antecedência mínima de dez dias; 
 
- Mais informações: http://migre.me/mNq4O.



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