Sempre no Tom

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Andréa Ciaffone

Hoje completa 20 anos que Tom Jobim deixou a vida, aos 67 anos, mas já havia entrado para a história muito antes, ao ser um dos criadores da Bossa Nova, o ritmo e movimento musical surgido no Brasil que alcançou maior projeção internacional. Por conta disso, é considerado o brasileiro mais influente de todos os tempos no mundo da música, de acordo com a revista Rolling Stone.

A constatação da revista é exata, porque Tom é superlativo, justamente, por ser elegante a ponto de fazer a sua erudição servir à música popular. Só por essa generosidade, já poderia ser considerado um príncipe. Entretanto, apesar da nobreza musical, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim era um sujeito que fazia questão de ser plebeu, de cultivar o espírito livre e descompromissado dos ‘cariocas da gema’. Como se vê pelo seu nome, ele não negava a brasilidade. Na verdade, está entre seus melhores embaixadores.

No seu estilo elegante, com terno bem cortado e cabelo perfeito, em 1967 ele encantou os Estados Unidos em dueto com Frank Sinatra e mostrou que, por aqui, havia mais do que os balagandans da genial Carmem Miranda. Mas a amizade com o ‘The Blue Eyes’ não o deslumbrou. Afinal, sua turma ‘da praia’ era composta por gente genial como Vinícius de Moraes, Roberto Menescal, Nara Leão, Miele, João Gilberto, Elis Regina, enfim, lista tão imensa quanto honorável. Dizem que entre os seus talentos pessoais, o mais apreciado pelos amigos era a sua capacidade de conduzir as conversas de mesa de bar como poucos. Humor, repertório de histórias, boas sacadas e legítimo interesse por seus interlocutores faziam com que ele fosse o ‘capitão’ de noitadas memoráveis.

Por outro lado, era um homem muito ligado à natureza, fascinado pela mistura de mar e floresta do Rio. Quando nasceu, seus pais moravam na Tijuca e o som dos pássaros nunca saiu da sua alma. Quando tinha 1 ano, a família mudou-se para Ipanema, bairro onde formou seu estilo carioca chic de ser. Músico, maestro, compositor, arranjador e cantor, Jobim é hoje também aeroporto no Rio e uma infinidade de logradouros públicos – algo quase paradoxal para alguém que criou músicas que sempre terão lugar na mente e no coração de pessoas do mundo inteiro. Mas, como ele mesmo diria, Chega de Saudade.  




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