Questionamentos femininos aos 30 anos

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Eliane de Souza

Foto: Salvador Cordaro / Divulgação
Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone. Foto: Salvador Cordaro / Divulgação

“Ter 30 anos é viver no agora ou nunca. Eu preciso ficar famosa, agora ou nunca. Eu preciso ter uma casa, agora ou nunca. Eu fico acordada vendo o tempo passar, o dia amanhecer e fico pensando: meu Deus, é agora ou nunca.” A frase é uma das tiradas da peça Confissões das Mulheres de 30, com depoimentos que mostram de forma divertida as frustrações de balzaquianas envoltas em pensamentos sobre a data-limite para o sucesso.

A montagem de Domingos de Oliveira é representada pelas atrizes Juliana Araripe, Camila Raffanti e Patrícia Pichamone, protagonistas do seriado Mothern, do canal pago GNT. Temas como casamento, primeiro namorado após a separação, filhos, ex-marido, grandes sonhos, sexo, trabalho, preocupação com a maturidade e o descontrole emocional são só uma amostra do que a ala feminina pensa e como lida com as realizações e frustrações típicas da idade, a que muitos chamam de segunda adolescência.

“As mulheres assistem e começam a rir de si mesmas. Sem a tensão e tomando distância das situações, elas veem que seus problemas não são tão ruins . O riso não é uma fuga, é apenas uma maneira de refletir sem tanto peso”, conta a atriz Camila Raffanti, de 31 anos, mãe, namorada e que passa longe da crise dos 30.

A temática feminina há tempos arranca risos e provoca reflexões como nas peças Não sou feliz, mas tenho marido, Os homens são de Marte... E é para lá que eu vou, Monólogos da Vagina, entre outras.

O psiquiatra José Ângelo Gaiarsa concorda com o enunciado de que a terceira década de vida requer guinada ou se corre grandes riscos de perder o bonde da história. “Nessa fase a mulher já viveu bastante e pode decidir entre tomar um caminho mais seguro ou grandes decisões. Arriscar é um ato heroico e pouca gente tem coragem de fazer”, diz Gaiarsa.

A blogueira e gestora de conteúdo Raphaela Rasinai, 30 anos, se pegou fazendo reflexões de tudo que já tinha alcançado e o que faltava conquistar. Estava instaurada a crise dos 30. Ela encontrou seu caminho ao compartilhar questionamentos em seu site, o www.mulherde30.com.br

Casada, com uma filha de 3 anos e com vida profissional estabilizada, ajuda outras mulheres a encontrarem brilho próprio. “Digo para que cheguem em frente ao espelho, se arrumem e se sintam poderosas. Temos experiência, coisas que muitas ainda não têm.”<EM>

Camila Raffanti lembra que a maior cobrança não vem da sociedade, mas da própria mulher. “Quando se impõe muitos prazos, como se imaginar casada e com filhos aos 30, a frustração é muito maior. O importante é relaxar e fazer o possível para não ser esse xerife de si mesma”, aconselha a atriz.


Foto: Divulgação
Jennifer Garner é uma adolescente em corpo de adulta em "De Repente 30". Foto: Divulgação

CRISE É TRATADA NAS TELONAS

No cinema, 30 já foi considerada a idade do sucesso. Na comédia romântica De Repente 30 (13 going on 30, 2004) a atriz Jennifer Garner é Jeena Rink, uma adolescente de 13 anos que sonha em ser adulta, até que acorda no corpo de uma mulher bem-sucedida de 30 anos. De início, Jenna se assusta com as novidades, mas aos poucos fica cada vez mais encantada com o apartamento próprio, um closet de fazer inveja, convites para festas badaladas, um namorado famoso e o cargo de editora numa grande revista feminina.

No entanto, a vida na condição adulta também impõe desafios, como lidar com a rivalidade profissional, perceber que não age com ética no trabalho, retomar o contato perdido com os pais, conviver com a falta de amigos sinceros, e ver o amor da adolescência prestes a se casar com outra.

A fita propõe retorno à inocência perdida quando Jenna Rink chega à conclusão de que as coisas simples da vida é que são importantes e que os questionamentos existenciais não têm idade certa para ocorrer. A adolescente ganha segunda chance para desfazer os erros do passado, com direito a casamento no final.




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