Primeiros passos rumo ao inverno

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Andréa Ciaffone

Mal a última modelo saiu da passarela do primeiro desfile da 38ª edição da São Paulo Fashion Week, da griffe Animale, e uma chuva torrencial desabou sobre a cidade. Parece que os céus ouviram as preces dos paulistanos por chuva e das fashionistas por um inverno usável, interessante e sedutor.
 
O jovem estilista Vitorino Campos fez com que sua coleção de estreia na marca Animale tivesse sabor profundamente cosmopolita nas formas, mas intensamente brasileiro na sensualidade. Sua visão do inverno usou a palheta de tons terrosos do off-white ao marrom, com alguns toques de branco puro, amarelo e o inevitável preto de inverno. As cinturas são altas, bem marcadas. As saias inevitavelmente apresentam alguma assimetria. As pantalonas, sempre muito elegantes, são aposta para as mais altas. A inspiração dos anos 1970 está lá, mas atualizada para o século 21 com competência. As blusas trespassadas terminam em grandes laços na cintura, novamente chamando atenção para essa área do corpo. Decotes em ‘V’ generosos. A maior parte das peças é lisa, atemporal. As estampadas apostam na geometria. No modelos mais glamourosos para a noite, assimetria, transparênciam texturas e brilhos. Parece muita coisa, mas o estilista soube dosar tudo para ficar chique. A coleção de Vitorino Campos está sintonizada com os planos da Animale de se internacionalizar – a marca deve abrir sua primeira loja no Exterior em 2015.
 
Veterana de SPFW, a marca UMA, de Raquel Davidowicz, trouxe neste ano novidade: os bordados-arte de Geová Rodriguez. O desfile todo em tons básicos começou com verde militar, um clássico do street style, e continuou com preto, branco, off-white e cinza até culminar nas últimas peças com um laranja brilhante. Em todas as peças, referências aos bordados de Rodrigues, que trouxe um robô estilizado como figura onipresente nos looks. Os tecidos variavam entre a malha de algodão, as sedas com aspecto lavado, tricôs com bordados, lã com poliamida e fibras como rayon, acetato e viscose. Muitas sobreposições de roupas em comprimentos diferentes. A coleção tem uma estética que mistura o pós-punk e o dark dos anos 1980 com o estilo nerd dos dias de hoje. A sensualidade não aparece explicitamente, se revela no movimento que as modelos davam às roupas e nas transparências. Em termos de textura, o que mais surpreendeu foi a textura de um tecido que tem efeito de chamois. Os pés sempre em ankle boots com saltos grossos ou em sapatos baixos. No fim do desfile, todas as modelos apareceram com tênis Onitsuka Tiger, que estreia na SPFW. Um detalhe empolgante foi a trilha sonora com uma banda de rock ao vivo, a Ted Marangos.
 
Quanto ao espaço da SPFW, a inspiração Bauhaus se revelou em envelopar o recinto com listas coloridas. Outra aposta bem trendy foi a presença de food trucks no pátio interno do evento.
 
Com inspiração no universo equestre, o estilista se inspira na estética dos gaúchos para fazer uma coleção na palheta do off-white ao marrom, com toques de laranja. As cinturas são sempre bem marcadas, muitas saias plissadas abaixo dos joelhos tanto em couro como em tecidos chiffon encerado. Os ponchos com longas franjas de seda marcam as peças. O estilista alterna entre as peças em lã, mais pesadas e nos casacos longos com vestidos com ombros, braços e costas nuas para um inverno quente. Tudo muito classudo e maduro. O preto aparece nos tecidos mais leves, com toques de branco, bem esvoaçantes.
 

 




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