Imagine uma receita de bolo. Uma xícara de leite, dois ovos, duas xícaras de farinha, fermento, açúcar e chocolate em pó. Se você colocar este último item em exagero, pode ficar doce demais e difícil de digerir.
Bom, é por aí que o novo CD do Maroon 5 dá as caras. Intitulado V, o novo trabalho da banda norte-americana mostra que seus integrantes perderam completamente a mão no que se trata do seu som. O pop rock foi quebrado e agora o que há é somente uma salpicada muito forte de pop, com apenas um gostinho de rock lá no fundo.
A faixa de abertura Animals traz o líder Adam soltando um agudo logo no início que, ao contrário dos tempos de auge do Maroon 5, irrita passados poucos segundos. Uma batida de balada entra no refrão, dando a noção de que o trabalho feito por baixo e guitarra ali seria facilmente substituído por um computador.
Verdade seja dita, o grupo de Los Angeles, formado por Adam Levine (vocal e guitarra), Jesse (teclado e guitarra), Mickey Madden (guitarra baixo), James (guitarra), Matt Flynn (bateria) e PJ Morton (teclado), nunca se mostrou de grande desempenho musical, mas antes de V, sempre foi capaz de fazer o que se propunha com qualidade. O aclamado disco de estreia Songs About Jane (2002) traz hits como Sunday Morning e Harder to Breathe, que já tinha o pop como base, mas sem ser enjoativo e nem se esquecer dos elementos do rock.
No mais recente álbum, porém, as guitarras distorcidas e a batida forte dão lugar à bateria eletrônica e uma melodia que somente presa pelo coro conjunto do público, como na canção Coming Back For You.
Nem a ajuda de Gwen Stefani em My Heart Is Open é proveitosa. O refrão até empolga, mas é quebrado com a monotomia de cada início de verso, que vem com as vozes de Gwen e Adam acompanhadas do piano. Nenhum dos dois cantores possui voz para segurar a atenção sem um background.